Médica mostra que 80% dos nódulos nada tem a ver com câncer de mama
Dados
do Inca (Instituto Nacional do Câncer) revelam que terão surgido no
Brasil mais de 57 mil novos casos de câncer de mama até o final de 2014.
O que mais preocupa os médicos é saber que a taxa de mortalidade da
doença continua elevada porque o diagnóstico geralmente é realizado
quando o tumor já está num estágio avançado. Se fosse diagnosticada
precocemente e tratada logo no início, seria uma doença com boas chances
de cura.
Falta de atenção, de condições, de oportunidade ou ainda o medo de
ter de enfrentar um diagnóstico de câncer são alguns dos motivos que
levam as mulheres a não seguir à risca a recomendação de fazer
mamografia todos os anos a partir dos 40 anos. Mas a cada dez nódulos
encontrados e submetidos à biópsia, somente dois estão de fato
relacionados ao câncer de mama.
De acordo com a American Cancer Society, cerca de 80% das
alterações submetidas à biópsia a vácuo por agulha (mamotomia) são
consideradas benignas.
Guiada por ultrassom, estereotaxia (mamografia), ou por ressonância
magnética, a biópsia percutânea resulta na remoção de uma amostra do
tecido para que seja realizado um exame histológico, que apontará se as
alterações celulares são benignas ou malignas.
Na opinião da doutora Vivian Schivartche, médica radiologista
especialista em diagnósticos de câncer de mama do Centro de Diagnósticos
Brasil (CDB), em São Paulo, o rastreamento mamográfico deve começar aos
40 anos e ser regular.
Mas a especialista também alerta para a possibilidade de algumas
mulheres notarem o aparecimento de um nódulo no seio antes disso. Nesse
caso, é importante procurar o médico antes do intervalo dos exames e
fazer ultrassonografia das mamas.
“Durante a mamotomia, fazemos biópsia de nódulos de até 1,5cm ou
calcificações muito pequenas agrupadas nas mamas. O procedimento, que é
guiado pela estereotaxia (mamografia), ultrassom, ou por ressonância
magnética, é realizado em clínica ou ambulatório, dispensa internação,
faz uso de anestesia local – sendo indolor – e praticamente não deixa
nenhuma cicatriz na paciente, retirando bastante material da lesão. Vale
ressaltar que a mamotomia é indicada para nódulos ou lesões não
palpáveis, encontrados nos exames de rastreamento (imagem)”, diz a
médica.
De acordo com a radiologista, até poucos anos atrás, a mulher era
submetida a um procedimento cirúrgico para retirar a lesão e analisar se
o nódulo era benigno ou maligno. “A paciente permanecia internada por
dois ou três dias e ainda ficava com cicatriz. Se o diagnóstico era
maligno, fazia-se nova cirurgia para retirada de tecido ao redor do
tumor. A mamotomia, que é realizada na maior parte das clínicas das
grandes cidades, é um método diagnóstico preciso, facilita a vida da
paciente e não deixa marcas – nem físicas, nem emocionais.”
Estudo publicado na revista médica norte-americana JAMA
confirmou benefícios da mamografia 3D. Também conhecido como
tomossíntese, esse exame já está disponível nas principais clínicas de
diagnóstico por imagem do Brasil.
Na opinião de Vivian Schivartche, que faz parte da equipe que
primeiro introduziu a tomossíntese na América Latina, no Centro de
Diagnósticos Brasil (São Paulo), além de aumentar a detecção do câncer
da mama, a tomossíntese possibilita a detecção de tumores menores, fato
que tem implicação direta tanto na sobrevida quanto na qualidade de vida
das pacientes.
“Vale ressaltar que tumores menores permitem a realização de
cirurgias menos mutilantes e a um custo consideravelmente mais baixo de
tratamento. Tudo isso tem impacto na qualidade de vida da paciente e
deve ser priorizado sempre que possível, já que procedimentos complexos
acabam gerando estresse e desgaste emocional”, diz a médica.
A radiologista afirma, ainda, que sempre que a mamografia
convencional ou 2D é realizada isoladamente, a superposição de
estruturas pode simular lesões suspeitas. Com a tomossíntese, cada
imagem representa uma fatia de um milímetro da mama, eliminando a
superposição dos tecidos. Com isso, há melhor definição das bordas das
lesões, proporcionando melhor caracterização dos seus contornos.
Em média, a tomossíntese leva quatro segundos para ser realizada.
Estudos iniciais realizados pelo CDB Premium em 2010 resultaram num
aumento de 15% na detecção do câncer de mama, já que essa combinação de
técnicas permite enxergar o câncer numa fase muito precoce e em mamas
densas e heterogêneas.