Por Luciana Otoni e Alonso Soto
BRASÍLIA (Reuters) - Ainda é cedo para redução da taxa básica de juro Selic
no Brasil, disse à Reuters uma fonte da equipe econômica que não tem poder de
decisão sobre política monetária, acrescentando que o governo federal já avalia
a possibilidade de buscar fontes alternativas de receitas para garantir o
cumprimento da meta de superávit primário deste ano.
"É muito cedo para se falar em corte de juros", disse. "O Banco Central
acabou de encerrar um ciclo de aperto monetário", lembrou a fonte, que falou sob
condição de anonimato.
Na quarta-feira, o BC manteve a Selic em 11 por cento ao ano, como era
esperado, mas repetiu no comunicado que isso ocorria "neste momento", deixando
em aberto todas as possibilidades para o futuro da política monetária num
cenário de atividade fraca e inflação elevada.[nL2N0PS01B]
O BC tirou a Selic da mínima histórica de 7,25 por cento em abril do ano
passado, num ciclo de aperto que durou um ano e levou a taxa ao atual patamar. O
objetivo era domar a inflação, mas ela ainda continua elevada, apesar de a
economia estar perdendo fôlego.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) tem rondado há tempos o teto
da meta do governo --de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais
para mais ou menos-- e, na avaliação de especialistas, uma das causas é a atual
política fiscal considerada mais expansionista, que tem poder de pressionar os
preços.
Em 12 meses até maio, a economia feita pelo governo para o pagamento dos
juros estava em 1,52 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), aquém do objetivo
estipulado para este ano, de 99 bilhões de reais, ou 1,9 por cento do PIB. Nesse
cenário, o governo já fala em buscar mais receitas extraordinárias.
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"Ou as receitas se recuperam ou as despesas terão que ser ajustadas",
comentou a fonte ouvida pela Reuters, destacando que a economia fria afetou o
recolhimento de tributos.
"Mas sempre há receitas que podem ser buscadas", acrescentou, sem revelar
quais alternativas poderiam ser usadas para melhorar a receita e defendendo que
o governo está empenhado em cumprir primário deste ano.