Agora,
acho que vale ouvir Frank, um dos pais, antes de opinar sobre o caso.
Ele deu esse depoimento na página do Facebook da fotógrafa, após ela ter
postado (com a autorização deles) a foto do nascimento, que foi
compartilhada milhares de vezes mundo afora.
Qual a sua reação ao ver a foto acima e as outras imagens que ilustram esse post?
Eu, que tenho o coração pra lá de mole,
me emocionei até. Sempre choro quando eu vejo cenas de pais e mães
pegando no colo seus filhos pela primeira vez na vida. Amo ver aquele
encantamento nos olhos deles.
As fotos mostram dois pais, Frank Nelson e BJ Barone, segurando o filhinho deles, Milo, que acabara de nascer.
Do lado esquerdo está a mulher que
carregou Milo em seu útero, após uma inseminação artificial com óvulos
de outra mulher. Vale lembrar que esse esquema de barriga de aluguel é
totalmente previsto em lei em diversos países do mundo, como no Canadá
(onde Milo nasceu) e nos Estados Unidos. Aqui no Brasil está ganhando
cada vez mais respaldo jurídico, como falamos no post A polêmica da barriga de aluguel.
Já do lado direito da foto estão as duas doulas, que ajudaram o bebê a vir ao mundo.
Foram elas que pediram que Frank e BJ tirassem a camisa, assim que o bebê nasceu.
Deixar um recém-nascido “pele com pele”
com seus pais é uma técnica que traz benefícios incríveis para o bebê,
como ajudar a regular sua temperatura corporal e reduzir seu
desconforto.
Antes de qualquer julgamento, veja o que disse a fotógrafa Lindsay Foster, que registrou todo o parto.
”Palavras não são suficientes para
dizer o quanto foi maravilhoso presenciar esse momento incrível. Mas eu
acredito MUITO que ao ver essas imagens, você vai sentir o profundo AMOR
e admiração que todos sentiram por essa surrogate mom [barriga de
aluguel] e pelos pais do bebê. Esses dois vão, com toda a certeza, ser
pais incríveis.”
”Obrigado a todo mundo que gastou um
tempinho para curtir, comentar e compartilhar nossa foto! Esse foi um
momento realmente inacreditável nas nossas vidas, que foi registrado
para sempre pela querida Lindsay Foster. Nós temos muita sorte de ter
conosco um menininho tão lindo e saudável! Nós respeitamos todos os
comentários. E, apesar de não concordarmos com os negativos, é fato que
as opiniões positivas superam e muito as negativas.
Todo mundo tem direito a opinar.
Esse é um momento de puro amor e aceitação. Milo está cercado de amor
incondicional e ele vai crescer conhecendo muitos tipos diferentes de
família e respeitando todos – até mesmo as pessoas intolerantes. Milo
nasceu durante a Parada do Orgulho Gay [no caso, a de Toronto]. Essa
foto representa tudo que esse Orgulho significa. O amor não tem cor, nem
gênero, nem preferência sexual. O amor é incondicional. Obrigado
novamente, do fundo de nossos corações.”
Você tem alguma dúvida de que Milo será
amado incondicionalmente? Eu não. Eu acho que ele receberá um amor tão
intenso e dedicado como o que receberia se tivesse um pai e uma mãe, ao
invés de dois pais.
Eu conheço filhos de casais gays. E sabe
qual o problema dessas crianças? O nariz deles escorre, às vezes eles
fazem manha, tem alguns que relutam para tirar a fralda, tem outros que
não querem comer verdura. Às vezes eles falam coisas engraçadíssimas, às
vezes fazem arte, às vezes são ultramegafofos, às vezes choram, às
vezes sorriem ou gargalham. E dizem mamãe/mami/mamita ou
papai/papis/paiê, “eu te amo”.
Ou seja, são exatamente como os meus filhos – e como os seus.
Sabe qual o problema em um casal gay
ter filhos? Nenhum. Tanto que isso é legalizado em muitos países do
mundo e o Brasil já caminha para isso também. Não tem mais volta. Ponto.
Oba!
Bebês que nascem em campos de
refugiados de guerra. Bebês que nascem com problemas porque a mãe é
viciada em drogas. Bebês que nascem sem o pai por perto, porque ele deu
no pé assim que soube da gravidez.
Isso sim é motivo para se revoltar. A foto acima? É apenas amor. Amor incondicional, como disse um dos pais do Milo.
Crédito fotos: Lindsay Foster Fotografia
Extraída do site MSN Notícias