terça-feira, 13 de maio de 2014

Putin 'tem estratégia incerta, mas objetivos claros' no leste da Ucrânia


    Foto: Reuters
    Opositores no leste da Ucrânia realizaram referendo de autodeterminação no fim de semana
    Há apenas quatro dias, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu que grupos pró-Rússia no leste da Ucrânia adiassem um referendo - realizado no domingo - sobre a autodeterminação da região.
    Já na segunda-feira, o Kremlin descreveu a votação de domingo nas regiões de Donetsk e Luhansk como "a vontade do povo" e deixou claro que a Rússia respeitaria os resultados.
    Não foi feita nenhuma menção à ausência de observadores internacionais durante as votações, à falta de listas de eleitores atualizada ou à questão bastante confusa nas cédulas de voto.
    Apesar da sugestão de Putin para que a votação fosse adiada, a simpatia de Moscou aos grupos pró-Rússia no leste da Ucrânia nunca esteve em dúvida.
    Basta assistir à televisão russa sobre a crise na Ucrânia para ver isso - o canal de notícias da TV estatal teve extensa cobertura positiva na segunda-feira dos "Referendos do Povo".
    No domingo, uma sala de votação chegou a ser aberta em Moscou para expatriados ucranianos.
    Esse apoio envia uma mensagem para os adversários do Kremlin: as autoridades ucranianas podem classificar os referendos como "farsa" com "nenhum peso legal" ou políticos ocidentais podem alegar que os plebiscitos têm "credibilidade zero". Mas a Rússia ainda apoia aqueles que buscam maior autonomia - ou mesmo independência - de Kiev. Enquanto essa posição continuar, Kiev vai sofrer para restaurar sua autoridade em partes do leste da Ucrânia.

    Esfera de influência

    Mas será que isso vai continuar? Qual é o jogo final de Putin?
    De acordo com a edição de segunda-feira do tabloide russo Vedomosti, ele está longe de estar claro.
    "Putin mantém seus oponentes em um estado de tensão constante, atacando-os quando e onde ele quiser", disse o jornal. "(Na Ucrânia), ele não tem uma estratégia. Ele apenas reage aos acontecimentos."
    Se este for o caso, torna-se difícil prever o próximo movimento do Kremlin. Mas a breve declaração da Rússia na segunda-feira sobre o referendo dá algumas pistas: pede por "diálogo" e "implementação" pacífica dos resultados da votação.
    Votação na Ucrânia
    Moscou pode considerar que governo fraco em Kiev e instabilidade no leste da Ucrânia podem lhe favorecer
    O Kremlin pode não ter uma estratégia. Mas seus objetivos são claros: manter influência em pelo menos parte da Ucrânia e garantir que nem todos na Ucrânia abracem a União Europeia ou - o maior pesadelo da Rússia - a Otan, a aliança militar do Ocidente.
    É por isso que Moscou pode considerar que um governo central fraco em Kiev e a contínua instabilidade no leste da Ucrânia podem lhe favorecer.
    Na TV russa na segunda-feira, um proeminente político ucraniano pró-Rússia pediu a Donetsk e Luhansk e outras regiões do leste e sul da Ucrânia que formem um Estado independente chamado de Novorossiya (Nova Rússia).