A disparada dos preços dos
alugueis está deixando ainda mais crônico o déficit habitacional nas
regiões metropolitanas do país, onde parte expressiva da população já
não têm onde morar.
Um estudo inédito da Fundação João Pinheiro,
obtido pela BBC Brasil, revela que o déficit habitacional cresceu 10%
entre 2011 e 2012 nas nove metrópoles monitoradas pelo IBGE – Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. Hoje são 1,8 milhão de famílias
sem residência adequada nessas regiões.Mas ainda há 5,8 milhões de famílias brasileiras sem moradia adequada e o aluguel mais caro – problema que atinge principalmente as grandes cidades - é o principal vilão dessa história.
Na região metropolitana de São Paulo, o déficit habitacional cresceu expressivos 18,2% em apenas um ano, totalizando 700.252 famílias vivendo inadequadamente. A cidade é hoje palco de protestos constantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), organização que defende a regulação dos preços dos aluguéis pelo Estado.
Quantidade de famílias sem moradia adequada
Metrópoles |
2011 | 2012 | Variação |
Belo Horizonte | 115.045 | 148.163 | +28,8% |
Curitiba | 68.835 | 86.820 | +26,1% |
São Paulo | 592.405 |
700.259 |
+18,2% |
Fortaleza | 108.959 | 124.701 | +14,4% |
Rio de Janeiro | 299.649 | 331.260 | +10,5% |
Recife | 111.555 | 108.835 | -2,4% |
Porto Alegre | 95.504 | 86.263 | -9,7% |
Belém | 73.655 | 65.712 | -10,8% |
Salvador |
135.430 | 112.952 | -16,6% |
Total Metrópoles | 1.601.037 | 1.764.965 | +10,2% |
Total Brasil | 5.889.357 | 5.792.508 | -1,6% |
A análise é feita a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada anualmente pelo IBGE. Além de todos os estados, sao consideradas as nove maiores regiões metropolitanas do país – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba e Belém.
Belo Horizonte (29%) e Curitiba (26%) foram as regiões com maior crescimento do déficit habitacional. No Rio de janeiro, o crescimento foi de 10,5%, e em Fortaleza, de 14%.
Ao calcular a carência habitacional do país, pesquisadores tradicionalmente consideram quatro categorias:
1) Habitações precárias, como locais sem saneamento ou que apresentam riscos;
2) Coabitação familiar, ou seja, quando mais de uma família divide a mesma residência por falta de opção;
3) Ônus excessivo com aluguel urbano, que ocorre quando mais de 30% da renda de famílias pobres é comprometida com o aluguel.
4) Adensamento excessivo em domicílios alugados, que é registrado quando, em média, mais de três pessoas compartilham um mesmo