quarta-feira, 28 de maio de 2014

Aluguel caro faz déficit habitacional crescer 10% em um ano nas metrópoles

AP
Trabalhadores sem-teto prometem mais protestos por moradia em São Paulo

A disparada dos preços dos alugueis está deixando ainda mais crônico o déficit habitacional nas regiões metropolitanas do país, onde parte expressiva da população já não têm onde morar.
Um estudo inédito da Fundação João Pinheiro, obtido pela BBC Brasil, revela que o déficit habitacional cresceu 10% entre 2011 e 2012 nas nove metrópoles monitoradas pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Hoje são 1,8 milhão de famílias sem residência adequada nessas regiões.
Se o quadro é negativo nas metrópoles, no restante do país os números são mais alentadores. No mesmo período o déficit habitacional recuou 1,6% na contagem nacional, com a redução dos números de residências consideradas precárias e do número de casas compartilhadas por mais de uma família.
Mas ainda há 5,8 milhões de famílias brasileiras sem moradia adequada e o aluguel mais caro – problema que atinge principalmente as grandes cidades - é o principal vilão dessa história.
Na região metropolitana de São Paulo, o déficit habitacional cresceu expressivos 18,2% em apenas um ano, totalizando 700.252 famílias vivendo inadequadamente. A cidade é hoje palco de protestos constantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), organização que defende a regulação dos preços dos aluguéis pelo Estado.

Quantidade de famílias sem moradia adequada

Metrópoles
2011 2012 Variação
Belo Horizonte 115.045 148.163 +28,8%
Curitiba 68.835 86.820 +26,1%
São Paulo 592.405 700.259
+18,2%
Fortaleza 108.959 124.701 +14,4%
Rio de Janeiro 299.649 331.260 +10,5%
Recife 111.555 108.835 -2,4%
Porto Alegre 95.504 86.263 -9,7%
Belém 73.655 65.712 -10,8%
Salvador
135.430 112.952 -16,6%
Total Metrópoles 1.601.037 1.764.965 +10,2%
Total Brasil 5.889.357 5.792.508 -1,6%
Os números foram compildados pela Fundação João Pinheiro, instituto mineiro que historicamente estuda o tema em parceria com o Ministério das Cidades.
A análise é feita a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada anualmente pelo IBGE. Além de todos os estados, sao consideradas as nove maiores regiões metropolitanas do país – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba e Belém.
Belo Horizonte (29%) e Curitiba (26%) foram as regiões com maior crescimento do déficit habitacional. No Rio de janeiro, o crescimento foi de 10,5%, e em Fortaleza, de 14%.
Ao calcular a carência habitacional do país, pesquisadores tradicionalmente consideram quatro categorias:
1) Habitações precárias, como locais sem saneamento ou que apresentam riscos;
2) Coabitação familiar, ou seja, quando mais de uma família divide a mesma residência por falta de opção;
3) Ônus excessivo com aluguel urbano, que ocorre quando mais de 30% da renda de famílias pobres é comprometida com o aluguel.
4) Adensamento excessivo em domicílios alugados, que é registrado quando, em média, mais de três pessoas compartilham um mesmo