Com dois anos de atraso, o governo anunciou neste sábado (31) a
regulamentação da lei antifumo nacional, que proíbe fumar em ambientes
fechados de acesso público em todo o país.
A norma estabelece
regras para o uso de cigarros e outros produtos com tabaco em "recinto
coletivo fechado", acaba com a possibilidade de propaganda comercial de
cigarros, sendo permitida somente a exposição dos produtos no ponto de
venda, além de ampliar as advertências exibidas nos maços sobre o mal à
saúde.
Também foi fixada uma multa de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão para o estabelecimento que desrespeitar as regras.
As
medidas passam a valer a partir de dezembro. A lei foi aprovada no fim
de 2011 e comemorada pelo governo, mas as discussões com os vários
setores e o lobby da indústria atrasaram a regulamentação. A norma vinha
sendo driblada pela falta de definições claras do que podia ou não ser
feito, e das punições envolvidas.
O ministro Arthur Chioro
(Saúde) disse que a regulamentação, lançada no Dia Mundial Sem Tabaco,
segue a política do governo para atacar o problema do tabagismo. Ele
afirmou que são três diretrizes para diminuir o consumo: a política de
preço para os cigarros, a proibição da propaganda e a proibição do fumo
em locais fechados, para proteger a população do fumo passivo.
Ele
disse que as normas são as mais modernas do setor. "O objetivo é
desestimular o consumo. Por ter que sair para uma área livre, acaba
diminuindo o consumo de cigarro. Numa política de redução de danos,
passa a ser bastante interessante a adoção de medidas que proíbam o
fumo, aumentem o preço e diminua a propaganda. São considerados pontos
essências pelos centros que fazem pesquisas", disse Chioro.
Segundo
o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas
Barbosa, o "tabagismo é o grande problema de saúde pública do mundo".
Para
Paula Johns, diretora-executiva da ACT (Aliança de Controle do
Tabagismo), o governo foi corajoso de lançar a regulamentação em ano
eleitoral. "O governo fechou o Dia Mundial Sem Tabaco com chave de
ouro", afirmou. Ela disse que ainda não teve acesso ao decreto do
governo regulamentando a lei, mas vê com bons olhos a questão das regras
para locais fechados.
No Brasil, o número de fumantes permanece
em queda. Segundo o Vigitel 2013 (Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), o percentual
caiu 28% nos últimos oito anos. Em 2006, 15,7% da população adulta que
vive nas capitais fumava. Em 2013, a prevalência caiu para 11,3%.
NORMASAs regras do governo vão se sobrepor às legislações estaduais, como de São Paulo e do Rio de Janeiro, que terão que se adaptar.
Segundo
dados do Ministério da Saúde, 200 mil pessoas morrem por ano no Brasil
por doenças ligadas ao tabagismo. O SUS (Sistema Único de Saúde) teve no
ano passado um gasto de mais de R$1 bilhão com 1,4 milhão de
internações motivadas por doenças com vínculos com o tabagismo.
Fica
proibido o uso de cigarros, cigarrilha, charutos, cachimbos e outros
produtos do gênero em locais de uso coletivo - público ou privado. Isso
inclui hall e corredores de condomínio, restaurantes e clubes. Estão
vetados inclusive os narguilés. Segundo o governo, fica vetado o uso em
ambientes parcialmente fechados por uma parede, teto e até mesmo toldo.
A
medida vale para qualquer ambiente que tenha algum tipo de parede que
impeça a fumaça de se dissipar. Com isso, até fumar em pontos de ônibus
seria proibido. Mas como não há punição para o fumante, seria preciso
acionar a polícia para retirar a pessoa do ambiente.
Outra
obrigatoriedade prevista é o aumento dos espaços para os avisos sobre os
danos causados pelo tabaco, que deverão aparecer em 100% da face
posterior das embalagens e de uma de suas laterais. A partir de 2016,
deverá ser incluído ainda texto de advertência adicional em 30% da parte
frontal dos maços dos cigarros.
A norma também extingue os
fumódromos e acaba com a possibilidade de propaganda comercial de
cigarros até mesmo nos pontos de venda, permitindo somente a exposição
dos produtos, acompanhada por mensagens sobre os malefícios provocados
pelo fumo. A legislação anterior permitia as propagandas no display.