quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Agora ex-líder do PT no Senado, parlamentar foi detido sob a acusação de obstruir as investigações da Operação Lava Jato


O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em encontro com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy
Antonio Cruz/Agência Brasil - 18.11.2015
O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em encontro com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy
Do total de senadores que votaram pela soltura de Delcídio Amaral, em sessão realizada na noite de quarta-feira (26), apenas quatro não são do Partido dos Trabalhadores (PT), sigla à qual o parlamentar é filiado. O Senado decidiu manter a decisão da prisão do Supremo Tribunal Federal (STF) por 59 favoráveis contra 13 contrários.
Dentre todos os senadores do PT que participaram da votação, somente dois foram contrários à orientação do partido, de pedir a soltura de Amaral – Paulo Paum (RS) e Walter Pinheiro (BA).
Humberto Costa (PE), Jorge Viana (AC), José Pimentel (CE), Lindbergh Farias (RJ), Paulo Rocha (PA), Regina Sousa (PI), Ângela Portela (PT-RR), Donizeti Nogueira (PT-TO) e Gleisi Hoffman (PT-PR) votaram favoravelmente à soltura do colega.
Aliado do governo federal, o PMDB não apresentou orientação para seus senadores votarem na sessão. Assim, os parlamentares do partido acabaram votando em peso a favor da manutenção da prisão de Amaral – somente um peemedebista, João Alberto Souza (MA), seguiu o PT na votação. Edison Lobão (MA), também da sigla, foi a única abstenção na votação.  
Senador Aloysio Nunes (PSDB) afirma que
Marcos Oliveira/Agência Senado - 26.11.2015
Senador Aloysio Nunes (PSDB) afirma que "Delcídio pode não ter culpa, mas evidências são fortes"
À exceção do PMDB, apenas a bancada do PDT no Senado não apresentou orientação a seus parlamentares. PSDB, PSB, DEM, PSD, PSC, PPS, PSC, PPS, PRB e Rede Solidariedade orientaram os senadores a votarem favoravelmente à decisão do STF de mantê-lo preso.
Primeiro senador preso no exercício do cargoDelcídio do Amaral foi preso por policiais federais na manhã de quarta-feira (25), no hotel onde vive em Brasília, o mesmo onde o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula havia sido detido na véspera, também como parte dos desdobramentos da Operação Lava Jato.
A prisão foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), instância da Justiça que julga autoridades com foro privilegiado. É a primeira vez que um senador da República é preso no exercício do cargo. 
O senador Delcídio do Amaral ao lado do ex-presidente Lula em campanha para eleições de 2014
Moisés Palácios/Futura Press - 25.11.2015
O senador Delcídio do Amaral ao lado do ex-presidente Lula em campanha para eleições de 2014
Além do senador, foram presos o chefe de gabinete do parlamentar, Diogo Ferreira Rodrigues, o advogado Edson Siqueira Ribeiro Filho, além do banqueiro André Esteves, presidente-executivo e dono do banco BTG Pactual. Ao iG, o Partido dos Trabalhadores e seus advogados afirmaram que ainda não tinham um posicionamento oficial a respeito da prisão de Amaral até a publicação desta matéria. A assessoria do BTG não respondeu imediatamente a um pedido de comentário feito por e-mail.
Fontes ouvidas pela reportagem, no entanto, afirmam que as lideranças do partido estão perplexas e a miltância pressiona para uma atuação enérgica e contundente contra Amaral caso os crimes sejam confirmados.
Diogo Ferreira Rodrigues, chefe de gabinete do senador Delcidio Amaral, que também foi preso
Marcelo Camargo/ Agência Brasil - 25.11.15
Diogo Ferreira Rodrigues, chefe de gabinete do senador Delcidio Amaral, que também foi preso
O governo também foi pego de surpresa e estaria assustado com a prisão do aliado. A tendência é de que a sigla aplique punição exemplar contra o senador, o que poderia levar à sua expulsão, caso seu envolvimento seja comprovado, segundo uma fonte. O presidente do PT, Rui Falcão, que está em Brasília, não foi encontrado para falar sobre o assunto. 
A detenção do senador foi autorizada após o Ministério Público Federal apresentar evidências ao STF de que ele tentava atrapalhar as investigações sobre a Lava Jato. Segundo a Procuradoria Geral da República, o senador ofereceu uma mesada de R$ 50 mil por mês para que Nestor Cerveró, um dos ex-diretores da Petrobras que têm colaborado com os investigadores, para que não firmasse um acordo de delação premiada.

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