Em
declarações após a derrota na disputa pela Presidência da República,
Marina Silva (PSB) deu sinais de que pode apoiar Aécio Neves (PSDB) no
segundo turno, mas afirmou que a decisão caberá a PSB, Rede e demais
partidos da coligação que sustentou sua candidatura. A presidente Dilma
Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, e Aécio disputarão o segundo turno em 26 de outubro.
Marina afirmou que sua candidatura está
comprometida com mudança, pois esta é uma demanda da sociedade. “Sabemos
que o Brasil sinalizou claramente que não concorda com o que aí está”,
disse. Quando questionada sobre se estava descartado apoio a Dilma,
Marina tergiversou, mas afirmou que ”70% [do eleitorado] fez esse
movimento [a favor da mudança].”
Em 2010, quando era candidata pelo PV,
Marina adotou a neutralidade diante da disputa de Dilma e José Serra
(PSDB). Desta vez, no entanto, ela sinalizou que a tendência é tomar uma
posição e citou como exemplo a união com Eduardo Campos após o fracasso
no registro da Rede Sustentabilidade.
“Minha postura, quando não foi feito o
registro da Rede, de não me recolher a uma anticandidatura [ficar de
fora da disputa], pode ser uma tendência. Eu assumi um compromisso com a
mudança e em apoiar o Eduardo Campos”, disse.
Para Marina, “o programa é a base de
qualquer diálogo”. “O que determinou o apoio a Eduardo Campos foi o
compromisso com o programa. Mas não é um compromisso que tem que ser
vão, tem que ser coerente. Coerente não só com o discurso, mas com as
trajetórias”, disse.
Ao longo desta semana, PSB, Rede e
outros partidos da coligação irão definir suas posições no segundo
turno. No discurso, lideranças dos partidos dizem que irão trabalhar por
um posicionamento unitário das legendas.
“Nossos partidos haverão de se reunir
individualmente, depois nos reuniremos coletivamente, e queremos que o
nosso processo se mantenha unido”, disse. “Eu faço parte de um partido,
ainda que seja um partido clandestino, mas é um partido. Temos uma
aliança com vários partidos e o que decidimos é que queremos tomar uma
posição conjunta, mantendo aquilo que nos uniu que é o nosso programa”,
declarou.
Ataques dos adversários
Após crescer nas pesquisas, Marina foi
alvo de ataques de seus adversários, principalmente de Dilma. A
ex-senadora não foi assertiva quando perguntada sobre qual campanha foi
mais agressiva contra ela. “Puxa vida, vou ter que fazer agora um
agressômetro [risos]. Eu acho que estou mais pelo sustentômetro”,
brincou.
“Eu tive, obviamente, uma postura por
parte da candidatura oficial [de Dilma], uma postura de nos encarar como
sendo a que ela mais temia de enfrentar, tanto é que todas as baterias
foram viradas para nós”, disse Marina, que chamou os ataques do PT de
“marketing selvagem”.
Marina não quis apontar algum erro
cometido pela campanha. “Se não der para ganhar ganhando, eu prefiro
perder ganhando. Neste momento estou aqui não como derrotada, mas alguém
que sabe que continua de pé porque não teve que abrir mão dos
princípios para ganhar a eleição.”
O discurso de Marina foi dado em um
espaço na zona oeste de São Paulo onde a campanha realizou vários
eventos e gravou programas eleitorais. O pronunciamento de Marina durou
cerca de dez minutos.
A candidata chegou a ficar com os olhos
marejados quando abraçou seu vice, Beto Albuquerque, ao término do
discurso. Em seguida, respondeu a perguntas de jornalistas.
Dezenas de militantes da Rede,
dirigentes do PSB, como Roberto Amaral e Luiza Erundina, e integrantes
da cúpula de campanha, como Neca Setúbal e João Paulo Capobianco,
estiveram presentes. O marido e os quatro filhos de Marina também
compareceram.
Fonte: Uol