A indústria paulista encerrou setembro com
o fechamento de 6 mil postos de trabalho, o que representa uma variação
negativa de 0,34% em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal, segundo
pesquisa divulgada na quarta-feira (15) pela Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp). Foi pior setembro para o emprego industrial da
série histórica, iniciada em 2005.
Na avaliação do diretor do Departamento de
Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da entidade, Paulo Francini, apesar
da perda de vagas tenha sido menor do que agosto (demissão de 15 mil
trabalhadores), a situação em setembro é mais preocupante, pois é um mês em
que a indústria costuma contratar.
De acordo com o levantamento da Fiesp, no
acumulado de janeiro a setembro 38 mil trabalhadores perderam o emprego na
indústria paulista, na comparação com o mesmo período do ano passado, uma
taxa negativa de 1,44%. Comparando setembro de 2014 com setembro de 2013, as
demissões totalizaram 115,5 mil no setor manufatureiro, o equivalente a uma
variação negativa de 4,32%.
“O ano é muito atípico, primeiro porque
existe um decréscimo da indústria de transformação que foi muito além do
projetado – inclusive por nós. E segundo, porque é um ano atípico pelo fator
político que ele carrega”, disse Paulo Francini, observando que em 2014 o
emprego industrial será muito negativo.
Em setembro, sobre agosto, a indústria do
açúcar e do álcool registrou 1.308 demissões (-0,05%). Na indústria de
transformação houve 4.692 postos de trabalho fechados (-0,19%).
No acumulado de janeiro a setembro, ante o
mesmo intervalo de 2013, o setor sucroalcooleiro registrou um saldo de
12.461 admissões (29,82%). Contudo, nos demais setores da indústria nada
menos que 50.461 trabalhadores foram demitidos (-120,75%). A pesquisa da
Fiesp aponta que o setor sucroalcooleiro tem participação de 7,7% no índice
de emprego nesse período. Em igual intervalo do ano passador, essa
participação chegava a 15,4%.
O levantamento do Depecon abrange 22
setores, em dez foram registradas demissões. O setor que mais demitiu foi a
de produtos alimentícios, com o fechamento de 1.633 postos de trabalho.
Também com desempenho ruim, máquinas e equipamentos (-1.011 vagas) e
veículos automotores (-1.633 vagas). No acumulado do ano até setembro, o
pior desempenho foi o do setor de máquinas e equipamentos, com taxa negativa
de 7%, seguido do segmento de veículos automotores, com variação negativa de
6,6%.
Por região, 25 entre 36 pesquisadas
anotaram baixa no quadro de funcionários da indústria, sete registraram
contratações e quatro mantiveram-se estáveis. A região de Matão registrou a
maior queda (-2,14%), influenciada principalmente por demissões na indústria
de confecção de artigos do vestuário (-7,43%) e de produtos alimentícios
(-1,48%).
A situação calamitosa na indústria, com
conseqüências no nível de emprego já foi sintetizada pelo presidente da
Fiesp, Benjamin Steinbruch. “Houve um desmonte do mercado interno, que
sustentou o país nos últimos 12 anos. Os juros altos asfixiaram a economia”,
afirmou. “Já estamos prestes a ver demissões em massa e mais paradas na
produção, que já começaram. Não só na indústria, mas em todos os setores”.
VALDO
ALBUQUERQUE