Exército colombiano desmantela operação de mineração ilegal em Cauca

Mineração legal coibida: Soldados da Terceira Brigada do Exército Nacional Colombiano apreenderam quatro escavadeiras supostamente usadas por membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) para mineração ilegal na estrada que liga os municípios de Santander de Quilichao e Caloto, em 26 de setembro. [Foto: Exército Nacional Colombiano]

Por Mariana Diana

O Exército Nacional da Colômbia intensificou suas operações contra grupos criminosos armados que cavam minas ilegais, uma atividade nociva ao meio ambiente.
Soldados ligados à Terceira Brigada apreenderam quatro escavadeiras que estariam sendo usadas em mineração ilegal, durante a prisão de dois supostos membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em 26 de setembro. A organização é responsável pela maior parte das atividades de mineração ilegal no país, usando a receita que obtém para financiar o terrorismo. Durante as detenções, que ocorreram na estrada que liga os municípios de Santander de Quilichao e Caloto, os soldados também confiscaram US$ 400.000 em dinheiro. Acredita-se que as FARC usariam o dinheiro para comprar armas e explosivos.
Neste ano, as forças de segurança de Cauca apreenderam 21 escavadeiras utilizadas em atividades de mineração ilegal e a polícia prendeu 15 suspeitos.
“Homens da Terceira Brigada darão continuidade a operações militares para continuar obtendo resultados positivos na região”, disse o comandante da Terceira Brigada, o coronel Jorge Iván Monsalve Hernández. “Seguiremos lutando contra essa atividade criminosa que não só financia grupos terroristas, como também tem grande impacto sobre o meio ambiente e os recursos naturais.”
Danos ambientais
A mineração ilegal tem uma série de consequências negativas, entre elas a contaminação do solo e da água, erosão do solo e perdas para a fauna e a flora, segundo o estudo “Impacto da Mineração Ilegal na Colômbia”, pulicado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) em maio de 2013.
Estudos científicos como o do Indepaz documentaram extensivamente as formas como a mineração ilegal pode afetar o meio ambiente. Por exemplo, a atividade exige grande quantidade de água, esgotando reservas usadas por produtores rurais e camponeses para arar o solo. O emprego de escavadeiras para mudar o curso dos rios impacta os níveis de oxigênio, prejudicando os peixes e ameaçando a sobrevivência dos pescadores. Contaminantes das operações de mineração que chegam à rede de água também podem afetar a saúde pública.
Além disso, a mineração ilegal tem impactos sociais negativos.
“Criou-se uma falsa percepção de abundância porque a população passou a ganhar mais, mas agora os habitantes da região precisam comprar o que poderiam produzir, devido às perdas para a agricultura, que era sua principal atividade”, afirma o relatório do Indepaz.
Redução do cultivo da coca
Grupos como as FARC adotaram a mineração ilegal porque insistem em se autofinanciar às custas da sociedade. E, como as forças de segurança da Colômbia estão agindo para coibir o cultivo e o tráfico de drogas, as organizações criminosas estão ficando sem opções.
A área de cultivo da coca no departamento de Cauca, por exemplo, diminuiu de 4.325 hectares para 3.325 hectares, de acordo com o estudo “Monitoramento do Cultivo da Coca 2013”, do Escritório das Nações Unidas Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). O relatório aponta indícios de que grupos criminosos estão intensificando sua atuação na extração ilegal de ouro.
A mineração ilegal pode ser mais atraente para organizações criminosas do que o cultivo da coca, segundo o estudo “Grupos Armados Ilegais e o Setor de Mineração na Colômbia”, publicado em 2012 pelo Observatório de Cooperação Internacional da Espanha na Colômbia. Uma importante razão para isso é o alto preço do ouro no mercado internacional. Além disso, como o ouro é um produto legal, a atividade mineradora pode ser usada para lavagem de dinheiro.