Desde 2007, não há levantamento sobre a população em situação de
rua no Ceará, que tem a Praça do Ferreira como uma das principais
vitrines
Foto: Helosa Araújo
Em praças como a do Ferreira, no Centro, a marginalização pode ser observada a olho nu. Não fossem as pessoas em situação de rua ocupando áreas públicas ditas nobres e comerciais, poderia ser mais difícil, para muitos, acreditar que há crianças mendigando, adolescentes em busca de crack, ou adultos sem perspectiva de vida numa Fortaleza tão próxima.
A praça torna-se a exposição mais acessível do que as políticas públicas não alcançaram. Para Heurenice Moura, técnica da Coordenadoria de Proteção Social Especial da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), a reinserção familiar é um dos principais passos para a redução da população que só é mais visível quando causa algum "transtorno".
A poucos metros das vitrines das lojas que a rodeiam, a mesma Praça do Ferreira é, também, a maior vitrine das populações em situação de rua em Fortaleza. O lugar que poderia ser de passagem é a parada gradual de pessoas como Antônio Neri da Silva, 65 anos. Está lá desde que o alcoolismo o afastou da família que dava abrigo.
O banco da praça não reclama, e o local está a poucos metros ou quadras da próxima oportunidade de emprego temporário. "Às vezes, a gente não tem o que comer, mas vem um amigo e me dá sopa e água", relata Antônio.
A Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) monitora o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, ofertado nos Centros Pop, unidades de referência especializadas no atendimento à população em situação de rua geridas pelos municípios.
Existem 11 Centros Pop distribuídos nos municípios de Fortaleza, Juazeiro do Norte, Maracanaú, Caucaia, Sobral, Pacajus, Pacatuba, Crato, Aquiraz e Maranguape. Mesmo assim, desde o ano de 2007, não há um levantamento oficial sobre esse segmento populacional no Ceará.
Desafios
O seminário desta manhã terá a presença de Jadir de Assis, coordenador geral de serviços especializados para Famílias e Indivíduos do Departamento de Proteção Social Especial, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). A intenção é que haja orientação sobre os desafios da implementação da Política Nacional de Assistência Social.
O principal público-alvo são os profissionais do Centros de Referência da Assistência Social (Creas) existentes em todo o Estado. Também estarão organizações envolvidas diretamente com a causa, como o Fórum Permanente da Pessoa em Situação de Rua.
"Levaremos também alguns moradores das praças. Essas próprias pessoas contarão um pouco da realidade, para que os profissionais presentes entendam melhor como atender a esse público", afirma Heurenice Moura.