Todos os 227 caminhões de um comboio russo que havia cruzado a
fronteira leste da Ucrânia sem autorização retornaram à Rússia neste sábado.
O comboio foi até a cidade de Lugansk, que está sob controle dos grupos
separatistas pró-Rússia que lutam contra tropas do governo da Ucrânia.A chanceler alemã, Angela Merkel, fez mais um apelo por um cessar-fogo na capital ucraniana, Kiev, e anunciou a liberação de uma linha de financiamento de 500 milhões de euros para reconstruir a infraestrutura do país, destruída nos meses de conflito.
Ao chegar à Ucrânia para um encontro com o presidente Petro Poroshenko, Merkel disse que a entrada do comboio russo é uma "escalada perigosa" das tensões.
A Alemanha deve liberar outros 25 milhões de euros para ajuda humanitária.
Um representante da Organização para Segurança e Cooperação na Europa afirmou que apenas 37 caminhões foram vistoriados antes de cruzarem a fronteira.
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, tinha acusado a Rússia de "flagrante violação da lei internacional" após a entrada dos veículos na sexta-feira.
O comboio aguardou durante uma semana a autorização ucraniana para cruzar a fronteira, mas acabou entrando sem passar pelo controle aduaneiro de rotina e sem o acompanhamento da Cruz Vermelha, que também tentou negociar a passagem dos veículos.
'Caminhões vazios'
Autoridades russas disseram que não era mais possível esperar diante da cada vez mais grave crise humanitária no leste ucraniano.Depois de quatro meses de confrontos entre separatistas pró-Rússia e forças ucranianas, mais de 2.000 pessoas já morreram. Mais de 330 mil foram forçadas a abandonar as suas casas.
Os Estados Unidos também afirmaram que o deslocamento do comboio russo era uma violação da soberania ucraniana e uma escalada "perigosa" do conflito.
A Casa Branca afirmou ainda que os russos deveriam recuar ou sofreriam um isolamento ainda maior.
Oficiais da Otan acusam a Rússia de estar reforçando as suas tropas na fronteira e mesmo operando com artilharia dentro da Ucrânia.
No entanto, o embaixador russo no Conselho de Segurança da ONU, Vitaly Churkink, acusou os governos ocidentais de distorção da realidade.
"Às vezes, tenho a impressão de estar assistindo um filme surrealista, porque alguns integrantes do Conselho não estão preocupados com o fato de centenas de pessoas estarem morrendo", disse.
Churkink afirmou que a Rússia teve que tomar providências para não desperdiçar produtos perecíveis e que espera que a Cruz Vermelha ajude a distribuí-los.
"Esperamos o suficiente. Estava na hora de nos mexermos, e foi o que fizemos."