Um cachorro na vida de um casal que não se entende resultou em mais um
crime. Ele, apegado ao animal. Ela, ansiosa para se livrar dele. A saída
que a mulher encontrou foi dar sumiço ao cão sem o conhecimento do
marido. Mas como ? Isso não ficou esclarecido até ontem, quando o
desaparecimento do veterinário Fernando Augusto Souza Moura foi
desvendado.
O dono do cachorro, Dorval Vieira Rodrigues,
descobriu que o cão havia sido levado para a clínica do veterinário e o
procurou. Começou aí um desentendimento que daria origem ao crime.
Fernando se recusava dizer que fim dera ao cachorro. "Fui tomado por uma
mágoa profunda", disse Dorval, entre lágrimas... Mas matar seria a
saida? A mágoa e a humilhação despertam sentimentos sobre os quais a
maioria das pessoas não tem domínio. O desejo de matar é um gatilho
interno que pode ser disparado a qualquer momento e em qualquer lugar. E
todos, sem exceção, estão sujeitos a isso. O que chama atenção nesse
crime é um ódio que começou a ser semeado dentro de casa, quando o casal
se desentendeu por causa do cachorro. Depois a entrada em cena do
veterinário, cujo papel no sumiço do animal não foi de todo esclarecido.
Nem parece ser relevante agora. Mas do episódio fica uma lição:
provocar o ser humano ao limite é correr o risco de despertar monstros
adormecidos.Texto Portal do holanda
A Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), por meio da Secretaria de
Inteligência (SEAI), prendeu quatro homens envolvidos na morte do médico
veterinário Fernando Augusto de Souza Moura.
Foram presos o mandante do homicídio, o policial civil aposentado Dorval
Vieira Rodrigues, de 82 anos; Zacarias Araújo Duarte, conhecido como
“Timbal”, de 44 anos; Evandro Souza dos Santos, de 40, e José Bernardo
de Oliveira, também conhecido como “Zé Canoeiro” ou “Zé Pirarucu”, de 61
anos.
O investigador aposentado disse que encomendou o crime por vingança,
porque o veterinário teria sumido com o cachorro, dado ao veterinário
pela mulher dele, há cerca de um ano. Dorval Rodrigues chegou a chorar
ao falar do animal.
Segundo Dorval, o combinado não era matar o médico e, sim, deixá-lo em
uma cadeira de rodas. O autor do disparo que matou o veterinário, Zé
Canoeiro, disse que está arrependido do que fez.
A SEAI começou as investigações assim que foi procurada pela família da
vítima. Imagens do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops),
do momento em que o veterinário Fernando Augusto chega à orla do
Amarelinho, no bairro Educandos, zona Sul, no último sábado (23), também
ajudaram os investigadores. Ele foi acionado para fazer um atendimento
do outro lado do rio, pelo que receberia R$ 150 .
De acordo com o secretário de Inteligência da SSP-AM,, Thomaz
Vasconcelos, a secretaria conseguiu chegar a todos os envolvidos no
crime, por meio de Zé Canoeiro. O policial aposentado teria pago R$ 10
mil pela execução do veterinário. Segundo o canoeiro, a ideia e todo o
plano partiu de Dorval.
O quinto suspeito de participar do crime ainda está sendo procurado.
Trata-se de Jardel Brito da Silva, conhecido como “Vovô”, de 29 anos.
Segundo o secretário de Inteligência, a arma do crime ainda não foi
encontrada. O revólver teria sido jogado no rio. Os R$10 mil pagos pela
execução do veterinário foram gastos pelos acusados. Eles vão responder
pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil.