quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Mulher acusada de chamar funcionário de macaco na Barra é policial civil

A mulher acusada de chamar os funcionários de uma loja no Shopping Barra de macacos foi identificada como a policial civil Núzia Santos de Aquino, 49 anos. Ela é investigadora e estava em licença-prêmio, aguardando a aposentadoria, segundo informações da assessoria da Polícia Civil.
Núzia está na corporação há 15 anos e tem um histórico de afastamentos por problemas psicológicos, segundo a polícia. Ela não tem filhos e a Corregedoria está tentando encontrar familiares para entender o que pode ter acontecido. Além do inquérito policial, será aberto um procedimento administrativo disciplinar para investigar o caso. 
De acordo com a polícia, após ser levada para a Central de Flagrantes, Núzia foi encaminhada para a Corregedoria da Polícia Civil, onde permanece detida na manhã desta quarta-feira (30) . Nesta manhã, ela apresentou sinais de que está deprimida, e chegou a afirmar que queria se matar. A policial disse ainda que é acompanhada por um psiquiatra. 
Policial civil se escondeu dentro de loja após clientes se revoltarem com atitudes (Foto: Angeluci Figueiredo)
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Injúria
Núzia é acusada de ter xingado um vendedor da Fast Shop e, depois, e ofendido de maneira racista um segurança do shopping. A situação indignou funcionários e clientes, que cercaram a mulher na noite desta terça-feira (29). 
A policial foi enquadrada no crime de injúria racial, previsto no Código Penal que pode levar de dois a cinco anos de prisão. Segundo a presidente da Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial da OAB-Ba, Dandara Pinho, o crime acontece quando acontece a ofensa à honra de uma pessoa de forma individualizada. “É um crime individualizada, que pode prescrever, e aquele que cometeu o crime pode pagar fiança”, explica. Além disso, depende da representação da vítima para que seja aberto um inquérito. 
Já o crime de racismo, previsto na Constituição, e é caracterizado quando acontece contra um grupo de pessoas. “É um ato discriminatório de racismo, da região, para um grupo determinado de pessoas”, detalha. O crime é inafiançável e  não tem como pagar fiança. É publica, independente da representação da vítima. A pena é de três a cinco anos de reclusão. 
Uma das vítimas, que foi agredida pela policial, afirmou que aguarda que as investigações esclareçam se Núzia tem realmente problemas psicológicos. "Em alguns momentos ela demonstrava serenidade, depois tinha alguns surtos. Mas acho que é preciso que se investigue a fundo isso", disse. 
Multidão
A confusão foi parar na loja de roupas Gregory, onde a mulher entrou logo depois. Segundo uma funcionária do local, a loja precisou fechar as portas para garantir a segurança de todos. "Estava uma confusão, as pessoas tumultuando", afirmou. Ela disse não saber o que aconteceu. "Ela entrou olhando as araras normalmente, como uma cliente que entra para comprar, sem pressa. Depois, só vi a polícia já aqui na frente, a confusão".
A mulher entrou na Fast Shop já nervosa, procurando por um microondas, segundo funcionários do local. Ela foi atendida por um vendedor negro e ao ser informada que o modelo que ela queria não tinha na loja, agrediu o funcionário, chamando-o de "macaco" e dizendo que ele parecia um "motorista de traficante". Outro vendedor se aproximou pedindo para ela se acalmar e também foi xingado, além de ter levado um tapa nas costas e ter a camisa puxada. 
Um segurança do shopping foi até ela, que deixou a loja, e também foi chamado de macaco - nesse momento, a mulher gesticulou imitando o animal. Na altura do "Mariposa", ela questionou porque estava sendo seguida já que não estava "roubando nada". Ela seguiu e entrou na loja Gregory, onde foi depois detida pela PM. Dentro da loja, ela chegou a simular um desmaio para evitar a prisão. Ela saiu do shopping aos gritos de “racista, racista”.