“Estamos prontos a pagar o preço da nossa liberdade e da nossa escolha europeia”, assegurou em dezembro o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, ao selar em Bruxelas o Acordo Abrangente e Aprofundado de Comércio Livre.
O preço foi definido pelo presidente russo, Vladimir Putin, que decidiu suspender o acordo de comércio livre que unia Moscou e Kiev desde 2011, alegando “circunstâncias que prejudicam os interesses e a segurança econômica” da Rússia.
Trata-se, segundo Moscou, de evitar uma entrada maciça de produtos europeus mais baratos, com etiqueta ucraniana, no mercado russo.
Além da suspensão do pacto de 2011, Moscou vai estender à Ucrânia o embargo aos produtos alimentares europeus decidido em retaliação pelas sanções econômicas que lhe foram impostas após a anexação da Crimeia em março de 2014.
Em resposta, Kiev anunciou também a suspensão do pacto comercial com a Rússia, a partir de amanhã (2), e a proibição da importação de produtos alimentares russos, a partir do dia 10, no território ucraniano e mais tarde na Crimeia, península que não tem ligação por terra com a Rússia e depende em grande medida dos produtos ucranianos.
O acordo comercial União Europeia-Ucrânia insere-se no Acordo de Estabilização e Associação assinado em 27 de junho de 2014, um pacto político e comercial considerado um primeiro passo para uma futura adesão ao bloco.
Esse acordo esteve na origem do conflito na Ucrânia, desencadeado em 2014 com a contestação popular à decisão do presidente pró-Rússia Viktor Ianukovich de não assinar o pacto, seguida da sua deposição, da insurreição separatista no Leste e da anexação da Crimeia pela Rússia.