sábado, 28 de março de 2015

Edson Gomes diz ter criado termo ‘sofrência’ e que novo estilo ‘induz a tomar veneno de rato


Edson Gomes diz ter criado termo 'sofrência' e que novo estilo ‘induz a tomar veneno de rato’
Para Gomes, sofrência de Pablo ‘é canalhice’. Fotos: Ag. Haack
Edson Gomes, maior nome do reggae baiano, parece não ter gostado da popularização do termo ‘sofrência’. Não pelo menos da forma como ele, recentemente, ganhou popularidade, normalmente associado ao ‘sofrimento’ causado pelas músicas românticas do arrocha de artistas como o também baiano Pablo. É que Edson afirma ter sido o primeiro a usar a palavra ‘sofrência’ na música “Viu”, do seu álbum de estreia de 1988 “Reggae Resistência”, o mesmo que tem clássicos como “Sistema do Vampiro”, “Rastafary”, “Maladrinha” e “Samarina”. Durante o show desta sexta-feira (27), quando tocou para um público de 10 mil pessoas no bairro do Periperi em Salvador dentro do Festival da Cidade, Edson atacou o estilo e disse que as “músicas da sofrência” estimulavam os homens a resolver “tomar veneno de rato” e o alcoolismo. Após a apresentação, o reggaeman nascido em Cachoeira, no Recôncavo baiano, explicou melhor a sua ira contra a “sofrência” de Pablo e companhia em cima do palco. “Eu joguei no ar essa palavra sofrência, tá na minha música, agora os caras pegaram. Já consultei o dicionário e vi que ela não existe lá. A minha sofrência é a sofrência coletiva do povo, nós sofremos muito. Não é o que eles estão cantando aí de amor apaixonado, que induz homem a tomar veneno de rato, a se embriagar, a não permitir que a mulher não queira mais se relacionar. Eu coloquei na minha música: ‘vamos acabar com tanta violência, vamos acabar com tanta sofrência’. E agora eles estão batizando uma canalhice como sofrência. Eu sou o criador da palavra, se não há no dicionário, eu sou o criador”, desabafou Gomes. Questionado se a ‘sofrência’ não era um estilo popular, muito escutado em periferias como o próprio Periperi onde estava cantando, Gomes afirmou que “o povo não é educado para rejeitar canalhice”. “O povo gosta de tudo, aceita tudo, coisas que prejudicam eles mesmos”. Por fim, Edson se recusou a tecer sua opinião sobre o que achava do cantor Pablo, símbolo-mor da ‘sofrência’ do arrocha. “Por favor, não me force a dizer o que acho. Não force a barra. Até porque não tem nada de bom para falar”, respondeu, aos risos.