Com mais armas que a polícia, bandos tocam o terror no interior
De
um lado, 15 homens, em três carros, armados com fuzis, metralhadoras e
escopetas. Do outro, três policiais munidos com pistolas. Na madrugada
de ontem, bandidos sitiaram a cidade de Valente, no Nordeste do estado, e
explodiram duas agências bancárias — a do Banco do Brasil e a do
Bradesco.
Na fuga, a quadrilha trocou tiros com
duas guarnições da Polícia Militar da região de Serrinha, que atenderam
ao pedido de reforço dos policiais da cidade. Foram cerca de 15 minutos
de confronto, mas ninguém foi preso.
A pouco mais de 200 km dali, quase no
mesmo horário, uma outra agência foi estourada, após oito homens
invadirem a cidade de São Felipe armados com fuzis. Na hora, a delegacia
estava fechada e os dois PMs de plantão tinham ido atender uma
ocorrência de assalto na zona rural.
A rotina é essa no interior do estado,
onde quadrilhas aproveitam a segurança precária para deixar cidades
inteiras em pânico e, muitas vezes, fazer moradores de escudos humanos.
Só até ontem, foram 103 ocorrências de arrombamentos, explosões,
assaltos e tentativas. Dessas, 19 foram em Salvador. Os dados são do
Sindicato dos Bancários do estado.
Recuo>A diferença
de armamentos obriga muitas vezes os policiais a recuar. “O armamento
dessa quadrilha é de guerra… metralhadora e fuzis que furam motores de
carro, poste de concreto e carro como papel”, declarou o delegado
Flávio Augusto Góes, coordenador da 2ª Coordenadoria de Polícia do
Interior (Coorpin) em Alagoinhas, que cobre a região de Conde, onde, no
dia 2 deste mês, 16 bandidos fortemente armados invadiram a cidade,
atiraram até contra a delegacia, assaltaram um banco e, na fuga, ainda
amarraram reféns nos capôs e janelas dos carros. Enquanto isso, o
delegado, seu escrivão e dois agentes, que estavam na delegacia, nada
puderam fazer.