quarta-feira, 10 de junho de 2015

Preso falso médico que atendeu em Euclides da Cunha e Monte Santo


medico-detido_01Uma equipe formada pelos investigadores Osvaldo, Wladimir, Rosimário e a EPC Niedja, sob o comando do delegado de Polícia Civil Antistenes Benvindo, coordenado pelo delegado Carlos Roberto de Freitas, titular da 11ª Coordenadoria de Polícia do Interior, regional de Barreiras, prendeu na cidade de Baianópolis, – município de pouco mais de 13 mil habitantes localizado na região oeste da Bahia, a pessoa de Luciano Pires, que se passava por médico ortopedista e atendia em vários municípios da região.
A prisão em flagrante delito aconteceu na manhã desta terça-feira (09), quando o falso-médico atendia no Hospital Senhor do Bonfim, em Baianópolis. Segundo informações que chegaram ao site, Luciano Pires usava em seus receituários, o CRM do médico Márcio Roberto Rocha Santana, provavelmente sem o consentimento deste, em suas consultas, em todos os municípios onde atuou em hospitais e postos de saúde, entre eles, Euclides da Cunha, Monte Santo, Chorrochó, Catolândia e Baianópolis, segundo revelou informalmente. A vítima faz parte da equipe médica que atua no Esporte Clube Bahia, de Salvador.
Luciano Pires (39), que fixou residência na localidade de Poção, em Baianópolis, é natural de Ribeirão Preto-SP, estudou medicina na Bolívia, onde cursou apenas, dois anos, no Colégio Médico de Santa Cruz, cidade próxima de Corumbá (MS), na fronteira com o Brasil.
As facilidades oferecidas pelas instituições de ensino bolivianas, principalmente as particulares, atraem milhares de jovens brasileiros de diversos estados e interessados em se formar em medicina, sem que haja necessidade de se submeter a um processo seletivo (vestibular), como é exigido no Brasil, enquanto na Bolívia o vestibular é aplicado apenas, pelas instituições de ensino superior federal.
Na Bolívia, a qualidade do ensino ministrado pelas faculdades e escolas de medicina é precaríssima. Segundo estudantes brasileiros que estudaram em Santa Cruz de la Sierra, inclusive um euclidense, muitos jovens não dão prosseguimento ao curso, desistem e retornam ao Brasil, onde vários que não concluíram a graduação ou foram reprovados no Grado (exame aplicado por uma banca de professores, pelas faculdades bolivianas ao final do curso, para saber se o aluno está capacitado para exerce a medicina) praticam falsidade ideológica ao atuar como médico em cidades do interior, principalmente, onde a população sofre com a falta de profissionais da medicina, além da conivência e/ou negligência de prefeituras que contratam falsários, quando deveriam ser mais rigorosas na seletiva e evitar situações constrangedoras ao adquirir pessoas que exercem profissão ilegal, o que só serve para agravar mais e mais o quadro de saúde dos pobres pacientes condenados ainda mais a morrer ao serem consultados e fazem uso de remédios receitados por charlatães.
O falso-médico furta carimbos com o CRV, CPF, RG de médicos que atuam legalmente, ou os adquire por meio de quadrilhas especializadas. Ao ser descoberto e preso ficam pouco tempo no xadrez, pagam fiança irrisória e, por força da lei, logo ganham a rua para responder em liberdade, são condenados a prestar serviço à comunidade, jogando por terra todo um trabalho de investigação e prisão desenvolvido pela Polícia Judiciária. Isto, quando não migram para outras regiões onde voltam à prática criminosa.
A contratação de charlatães para exercer a medicina feita por algumas prefeituras municipais, clínicas médicas e odontológicas poderiam ser evitadas se os gestores pesquisassem junto ao Conselho Regional de Medicina sobre a situação do contratado perante o órgão ou a apresentação do Revalida para aqueles com formação profissional no exterior.
Assim, prefeitos evitariam ter que emitir notas de “esclarecimento” que não convencem, na tentativa de esconder a grave falha cometida e ficar muito mal na fita perante a população. Isso, quando não recebem parte do salário pago que, em muitos casos chega à casa dos R$ 30 mil/mês.
Luciano Pires, o falso-médico, talvez por ironia do destino e de acordo com documentos pessoais nasceu no dia 1º de abril e, se a sua cédula de identidade estiver correta, diferente de muitos outros que nasceram neste mesmo dia, incorporou a data magna da mentira, em seu falso prontuário médico e agora vai responder judicialmente pelo crime cometido.
Fonte e fotos: Polícia Civil/25ª Coorpin.