A prisão em flagrante delito aconteceu na manhã desta terça-feira (09), quando o falso-médico atendia no Hospital Senhor do Bonfim, em Baianópolis. Segundo informações que chegaram ao site, Luciano Pires usava em seus receituários, o CRM do médico Márcio Roberto Rocha Santana, provavelmente sem o consentimento deste, em suas consultas, em todos os municípios onde atuou em hospitais e postos de saúde, entre eles, Euclides da Cunha, Monte Santo, Chorrochó, Catolândia e Baianópolis, segundo revelou informalmente. A vítima faz parte da equipe médica que atua no Esporte Clube Bahia, de Salvador.
Luciano Pires (39), que fixou residência na localidade de Poção, em Baianópolis, é natural de Ribeirão Preto-SP, estudou medicina na Bolívia, onde cursou apenas, dois anos, no Colégio Médico de Santa Cruz, cidade próxima de Corumbá (MS), na fronteira com o Brasil.
As facilidades oferecidas pelas instituições de ensino bolivianas, principalmente as particulares, atraem milhares de jovens brasileiros de diversos estados e interessados em se formar em medicina, sem que haja necessidade de se submeter a um processo seletivo (vestibular), como é exigido no Brasil, enquanto na Bolívia o vestibular é aplicado apenas, pelas instituições de ensino superior federal.
Na Bolívia, a qualidade do ensino ministrado pelas faculdades e escolas de medicina é precaríssima. Segundo estudantes brasileiros que estudaram em Santa Cruz de la Sierra, inclusive um euclidense, muitos jovens não dão prosseguimento ao curso, desistem e retornam ao Brasil, onde vários que não concluíram a graduação ou foram reprovados no Grado (exame aplicado por uma banca de professores, pelas faculdades bolivianas ao final do curso, para saber se o aluno está capacitado para exerce a medicina) praticam falsidade ideológica ao atuar como médico em cidades do interior, principalmente, onde a população sofre com a falta de profissionais da medicina, além da conivência e/ou negligência de prefeituras que contratam falsários, quando deveriam ser mais rigorosas na seletiva e evitar situações constrangedoras ao adquirir pessoas que exercem profissão ilegal, o que só serve para agravar mais e mais o quadro de saúde dos pobres pacientes condenados ainda mais a morrer ao serem consultados e fazem uso de remédios receitados por charlatães.
O falso-médico furta carimbos com o CRV, CPF, RG de médicos que atuam legalmente, ou os adquire por meio de quadrilhas especializadas. Ao ser descoberto e preso ficam pouco tempo no xadrez, pagam fiança irrisória e, por força da lei, logo ganham a rua para responder em liberdade, são condenados a prestar serviço à comunidade, jogando por terra todo um trabalho de investigação e prisão desenvolvido pela Polícia Judiciária. Isto, quando não migram para outras regiões onde voltam à prática criminosa.
A contratação de charlatães para exercer a medicina feita por algumas prefeituras municipais, clínicas médicas e odontológicas poderiam ser evitadas se os gestores pesquisassem junto ao Conselho Regional de Medicina sobre a situação do contratado perante o órgão ou a apresentação do Revalida para aqueles com formação profissional no exterior.
Assim, prefeitos evitariam ter que emitir notas de “esclarecimento” que não convencem, na tentativa de esconder a grave falha cometida e ficar muito mal na fita perante a população. Isso, quando não recebem parte do salário pago que, em muitos casos chega à casa dos R$ 30 mil/mês.
Luciano Pires, o falso-médico, talvez por ironia do destino e de acordo com documentos pessoais nasceu no dia 1º de abril e, se a sua cédula de identidade estiver correta, diferente de muitos outros que nasceram neste mesmo dia, incorporou a data magna da mentira, em seu falso prontuário médico e agora vai responder judicialmente pelo crime cometido.
Fonte e fotos: Polícia Civil/25ª Coorpin.