Vera Rosa e Rafael Moraes Moura, Agência Estado
Em três horas e meia de conversa, no Palácio da Alvorada, a
presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
avaliaram ontem que a execução antecipada das penas dos réus petistas do
mensalão é mais favorável ao governo que a prisão em 2014. Dilma quer
que essa etapa do julgamento termine logo para que adversários não
explorem o assunto na campanha eleitoral. Ao deixar o Alvorada, porém,
Lula esquivou-se de comentar a possibilidade de prisão imediata de
condenados no mensalão. “Quem sou eu para fazer qualquer insinuação ou
julgamento da Suprema Corte?”, disse o ex-presidente. “Eu acho que quem
tem de discordar ou não são os advogados, que têm de saber se pode fazer
ou não (a prisão).” O diagnóstico sobre o peso do mensalão na campanha
ocorreu ontem em almoço oferecido por Dilma a Lula, do qual também
participaram os ministros Aloizio Mercadante (Educação), José Eduardo
Cardozo (Justiça), o marqueteiro João Santana, o presidente do PT, Rui
Falcão, e Paulo Okamotto, que comanda o Instituto Lula. Antes, Lula
esteve na cerimônia que marcou a chegada, a Brasília, dos restos mortais
do ex-presidente João Goulart. Na avaliação do governo, o assunto
mensalão só causaria algum estrago para o PT nas disputas de 2014 se os
réus do partido fossem presos às vésperas das eleições. Ao liquidarem
essa etapa agora, o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José
Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares cumpririam pena em regime
semiaberto, apenas dormindo na cadeia.
Até as 20h25, os condenados que já haviam chegado a sedes da Polícia
Federal eram: José Genoino, José Dirceu (SP), Simone Vasconcelos,
Cristiano Paz, Romeu Queiroz e Kátia Rabello (MG) e Jacinto Lamas (DF).
Advogados de Marcos Valério e outros réus dizem que eles se entregarão
ainda nesta sexta.