A
história de um jogador alemão que terminou a carreira aos 20 anos para
juntar-se aos jiadistas e que acabou por morrer num bombardeamento do
regime de Bashar al-Assad
Burak
Karan era um jovem alemão como muitos outros. Filho de pais turcos
nascido em Wuppertal, acreditou que podia fazer uma carreira no futebol.
Evidenciava qualidades, era chamado às seleções da Alemanha e
partilhava o balneário com outros atletas com um radioso futuro à sua
frente, como Sami Khedira ou Kevin-Prince Boateng. Aos 20 anos decidiu
colocar um ponto final da carreira e abraçou a causa jiadista. Hoje
sabe-se que morreu nos campos
de batalha da Síria, lutando contra o regime de Bashar al-Assad.
de batalha da Síria, lutando contra o regime de Bashar al-Assad.
A
história foi revelada primeiro pela revista «Focus» e depois pelo
jornal «Bild». Ainda haverá muitos pormenores para explorar, mas sabe-se
que Burak tentou seguir as suas convicções, assumindo-se como lutador
islamista, mas sem que haja certeza se tinha sido incorporado nas
fileiras da Al-Qaeda.
Na
sua carreira como futebolista era médio defensivo. Fez cinco jogos
pelos sub-16 e dois pelos sub-17 da Alemanha. A nível de clubes envergou
as camisolas do Hamburgo, Hannover e Alemannia Aachen. O final da
carreira surgiu quando se aprestava para seguir um trajeto como
profissional de futebol, o que surpreendeu o clube e os colegas. Reuniu
as bagagens e partiu para o sul da Turquia com a mulher e os dos filhos.
Durante
anos ninguém lhe conheceu o rasto, mas aparentemente tinha-se juntado à
resistência síria. O irmão Mustafa explicou ao «Bild» que quer perceber
melhor esta história e se efectivamente Burak morreu a 11 de outubro na
sequência de um bombardeamento do regime de Assad.
«Ele
tinha muita compaixão pelas vítimas. Burak disse-me que o dinheiro e a
carreira não eram importantes para eles. Ele estava constantemente na
Internet à procura de vídeos sobre zonas de guerra. Estava desesperado e
queria ajudar», explicou Mustafa ao jornal alemão. Tudo indica que terá
incorporado as fileiras de homens como Emrah Erdogan, um salafista
condenado por pertencer a uma organização terrorista.
Apesar
dos Mujahideen de Azaz terem dito que se tratava de um dos seus
combatentes que morreu em terreno de batalha e de o próprio Burak ter
aparecido armado com uma kalashnikov num vídeo que circulou na internet,
afirmando que combatia em nome de Alá, o seu o irmão nega essa versão:
«Ele disse-me sempre que nunca iria lutar. Ele só queria defender o
transporte de medicamentos». Mas as versões contraditórias, pois os
dados recolhidos pelos media alemão referem que o ex-jogador percorreu
em 2012 as áreas normalmente ocupadas pela Al-Qaeda no Afeganistão e no
Paquistão.
Para
além de tentar perceber o que realmente aconteceu, Mustafa quer
encontrar os seus dois sobrinhos, Abdullah (três anos) e Abdul-Rahman
(dez meses), assim como a cunhada Gülsüm (23 anos). «Quero traze-los
para Wuppertal e descobrir a verdade», disse, informando que pretende
visitar os campos de refugiados na Síria. Por Filipe Caetano