Protesto contra o Isis (atual EI) na Indonésia; grupo já controla boa parte do Iraque e da Síria
Países da Otan (aliança militar
ocidental) estão prontos a se unir aos Estados Unidos em um esforço
militar contra o grupo muçulmano radical Estado Islâmico (EI), que
assumiu o controle sobre partes do leste da Síria e no norte e oeste do
Iraque.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira pelo
presidente americano, Barack Obama, durante a reunião de cúpula da Otan
no País de Gales.Obama descartou, por enquanto, o uso de tropas terrestres contra o EI.
A expectativa dos EUA é de que aliados preparem um plano de combate ao Estado Islâmico a tempo da Assembleia Geral da ONU, ainda neste mês.
Também nesta sexta, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, aprovou uma cooperação com os Estados Unidos para combater os extremistas, fontes confirmaram ao serviço iraniano da BBC.
O EI é uma organização paramilitar sunita ultraconservadora. Suas táticas brutais - entre elas, execuções em massa e sequestro de membros de minorias religiosas e étnicas, além de decapitações de soldados e jornalistas - vêm chocando o mundo, o que levou os Estados Unidos a intervirem militarmente para tentar detê-lo.
Preparamos um guia para explicar o que é o grupo e como ele atua:
O que o EI quer?
O grupo quer criar um "califado", um Estado governado por um líder político e religioso e baseado na lei islâmica.Embora os territórios sob controle do EI se situem hoje na Síria e no Iraque, o grupo já avisou que pretende "romper as fronteiras" da Jordânia e do Líbano e "liberar a Palestina".
Ele vem ganhando o apoio de muçulmanos em todo o mundo e exige que todos jurem obediência a seu líder - Ibrahim Awad Ibrahim Ali al-Badri al-Samarrai, também conhecido como Abu Bakr al-Baghdadi.
Quais são as origens do EI?
O grupo tem suas raízes na figura de Abu Musab al-Zarqawi, um jordaniano morto em 2006. Ele foi o fundador, em 2002, do grupo militante Tawhid wal-Jihad.Um ano após a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos, Zarqawi jurou fidelidade a Osama Bin Laden e instalou um braço da Al-Qaeda no Iraque (AQI). O grupo teve papel marcante na insurgência iraquiana.
As táticas de Abu Musab al-Zarqawi, no entanto, foram consideradas extremas demais pelos líderes da al-Qaeda.
Após a morte de Al-Zarqawi, a AQI formou uma organização maior, o Estado Islâmico no Iraque (EII). O aumento na presença de tropas americanas no país e a criação de Conselhos Sahwa (palavra árabe para despertar) por líderes sunitas que rejeitavam tal brutalidade da EII enfraqueceram a organização.
Ao se tornar o líder do grupo, em 2010, Baghdadi reergueu o EII. Em 2013, a organização voltou a perpetrar dezenas de ataques mensais no Iraque, além de ter se unido à rebelião contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, por meio do grupo Frente al-Nusra.
Em abril de 2013, Baghdadi anunciou a fusão de suas forças no Iraque e na Síria e a criação do Estado Islâmico no Iraque e Levante (Isis, em inglês). Os líderes da al-Nusra e da al-Qaeda rejeitaram a medida, mas combatentes leais a Baghdadi romperam com a al-Nusra e ajudaram o Isis a se manter na Síria.
No final do ano passado, o Isis voltou a concentrar ataques no Iraque e explorou a divisão política entre o governo xiita do país e a minoria sunita. Com a ajuda de tribos locais, o grupo tomou o controle da cidade de Falluja (centro do país).
E, em junho deste ano, o Isis invadiu a cidade de Mosul e avançou rumo ao sul, na direção de Bagdá. No final do mês, após consolidar seu controle em dezenas de cidades, o Isis declarou a criação de um califado e mudou seu nome para Estado Islâmico.
Qual o tamanho do território controlado pelo EI?
Há estimativas de que o EI e seus aliados controlem cerca de 40 mil quilômetros quadrados no Iraque e na Síria - mais ou menos o tamanho da Bélgica. Outros especialistas acreditam que esse controle possa se estender a 90 mil quilômetros quadrados, equivalente ao tamanho da Jordânia.Esse território inclui cidades iraquianas como Mosul, Tikrit, Falluja e Tal Afar, além de poços de petróleo, estradas e pontos de controle de fronteira.
Acredita-se que cerca de 8 milhões de pessoas vivam atualmente sob controle parcial ou total do EI - ou seja, sob uma interpretação bastante rígida da lei islâmica, que obriga mulheres a usar véu, não-muçulmanos a pagar taxas especiais ou se converter e que impõe punições como açoitamentos e execuções.