A
uma semana das eleições, os principais candidatos na disputa pelo
Planalto voltaram a se encontrar em debate com fortes ataques pessoais,
mas poucas novidades no discurso e nas propostas apresentadas.
Exibido pela TV Record na noite deste domingo, com
cobertura ao vivo pela BBC Brasil, o encontrou durou pouco mais de
duas horas e se dividiu em quatro blocos – dois dedicados ao embate
direto entre os candidatos, um às perguntas de jornalistas e outro às
considerações finais.Os candidatos demoraram a se acostumar com o pouco tempo destinado a réplicas e tréplicas – 30 segundos – e foram diversas vezes cortados pela dupla de mediadores da TV evangélica.
Segurança, corrupção, programas sociais e economia foram novamente as teclas mais batidas pelos principais candidatos. Nem Dilma Rousseff (PT), nem Marina Silva (PSB), nem Aécio Neves (PSDB) conseguiram inovar em relação aos últimos três debates e a seus programas de televisão e rádio.
Eduardo Jorge (PV), Levy Fidelix (PRTB), Luciana Genro (PSOL) e Pastor Everaldo (PSC) novamente se dedicaram à agenda de temas polêmicos, como aborto, união homoafetiva e legalização das drogas.
Leia mais na BBC Brasil: #SalaSocial: Candidato explode nas redes após discurso de 'enfrentamento' a gays
Dilma Rousseff
Líder nas pesquisas de intenção de voto, Dilma Rousseff aproveitou o debate para reforçar suas principais propostas e atacar sua maior adversária no momento, Marina Silva.Em sua primeira pergunta, Dilma voltou a questionar a suposta "inconsistência" de Marina. "A senhora mudou de partido quatro vezes em três anos. Mudou de posição em questões como a CLT e a homofobia. Qual foi sua posição em relação a CPMF?", perguntou, ao que Marina respondeu: "Mudei de partido para não mudar de ideais e de princípios."
Em uma segunda oportunidade, Dilma novamente criticou a postura da adversária: "Não se pode usar dois pesos e duas medidas. Qual é realmente a sua posição a respeito do crédito direcionado subsidiado?"
O embate entre as duas foi algo frequente neste domingo, assim como havia sido nos debates anteriores.
Dilma também aproveitou suas falas para endossar o discurso que vem adotando em sua propaganda eleitoral de "combate a corrupção". Sobre as denúncias de desvios de dinheiro na Petrobras, ela respondeu: "Na verdade uma coisa tem que ficar clara, quem demitiu o (ex-diretor da estatal) Paulo Roberto, fui eu. E quem investigou todos os ilícitos foi a Polícia Federal, do meu governo. Eu fui a única candidata que apresentou propostas para o combate da corrupção."
Outro tema bastante abordado pela candidata do PT foi a segurança. Conforme já havia citado em outros debates, Dilma colocou sua proposta de unificar as polícias e mencionou a Copa do Mundo como uma prova de sucesso da medida.
"Minha nova estratégia é aproveitar uma excelente iniciativa que foi a integração das polícias durante a Copa. O crime atua coordenadamente enquanto as forças de segurança atuam de formas separada. Só com a união vamos combater o crime organizado."
Marina Silva
Mudanças no plano de governo, ligação com banqueiros, manutenção de programas sociais e o que entende por "nova política" foram de novo os temas mais explorados por Marina Silva. Como nos últimos debates, a candidata do PSB se colocou todo tempo como "alternativa à polarização" entre petistas e tucanos."É preciso ter planejamento. Nos dois governos (PTSDB e PT) houve improviso", disse, em discussão com Aécio Neves sobre a matriz energética do país.
A ex-senadora voltou a questionar Dilma Rousseff sobre combustíveis alternativos ao petróleo. "A política do etanol no seu governo é um fracasso: 70 usinas foram fechadas e 40 estão em recuperação", disse. Dilma respondeu: "Ao contrário, a política de etanol do meu governo foi baseada naquilo que você é contra, o subsídio".
Em pergunta à ex-senadora, Aécio sugeriu que os "conselheiros econômicos" de Marina não seriam a favor de programas sociais. A afirmação do tucano fez coro com outros que questionam a parceria da candidata com Neca Setúbal, herdeira do banco Itaú.
"Quem vai decidir a manutenção dos programa sociais do governo é a sociedade brasileira. Conheço gente que nasceu em berço de ouro e que se preocupa com a população. Pessoas boas existem em todos os lugares", disse, reafirmando que pretende manter programas sociais como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.
A Luciana Genro, que novamente questionou a nova política defendida pela candidata, Marina disse: "A nova política não é monopólio da esquerda ou da direita. A nova política está sendo feita pela sociedade brasileira, que tem a capacidade de fazer as mudanças que o Brasil precisa", disse. "Não estou sozinha, estou com a sociedade e nós vamos fazer as mudanças."
Aécio Neves
O tucano Aécio Neves novamente apostou na defesa da redução da maioridade penal, posição que o difere das concorrentes Dilma e Marina."Defendo, no caso de crimes graves, o maior de 16 anos possa ser processado com base no Código Penal", afirmou, perguntando a opinião de Dilma Rousseff, que respondeu "que a melhor solução é punir a quadrilha que usa menor para diminuir a pena."
Mais uma vez, o senador mineiro se pautou pelas denúncias ligadas à Petrobras para atacar a atual presidente e afirmou que não pretende privatizar a petroleira.
"Não vou privatizá-la, vou reestatizá-la", disse. "Quero expressar a indignação de milhões de brasileiros. Na última semana, o coordenador de campanha do PT pediu recursos para sua campanha para esse esquema. Não vejo em você uma reação de indignação, e eu expresso aqui."
Seu discurso de "eficiência" e enfrentamento ao PT também se manteve.
"Só voltaremos a crescer quando o Brasil voltar a ser respeitado. Vamos elevar a taxa de investimento da nossa economia. Vamos permitir que os investimentos privados voltem a ajudar a gerar emprego país", disse.
O último debate antes do primeiro turno das eleições será o da Rede Globo na próxima quinta-feira.