A
infância de Marina Silva não foi fácil. Quando tinha 14 anos, a
política embarcou em um ônibus e percorreu 70 quilômetros do seringal
Bagaço até a cidade de Rio Branco, no Acre, para conseguir emprego como
empregada doméstica.
A
candidata trabalhou na casa de Teresinha Lopes, 83 anos, durante os
anos de 1974 e 1965. Na casa, ela passava roupas, cozinhava e montava
altares com santinhos de papel, onde orava diariamente para conseguir um
emprego melhor.
Hoje,
dona Terezinha se mostra orgulhosa da candidata à presidência. “Dizem
que fui patroa, mas a gente era tão pobre quanto a família da Marina. A
nossa casa era de madeira, coberta de palha. A diferença era que a gente
morava na cidade. Marina nasceu com uma estrela brilhante. Ela tem
muita luz, muita força, garra. Imagina uma criança que saiu da casa onde
morava, no seringal, e mudou para a cidade para melhorar a vida”,
lembrou em entrevista ao Terra.
A
ex-patroa lembrou ainda das dificuldades de Marina quando começou a
trabalhar como empregada doméstica. “Ela não sabia corta nem fritar
bife. Eu era muito elogiada por causa de meus bifes. Ela também tinha
dificuldade de temperar o feijão. Mas eu ensinei a ela a fazer um
bifezinho com molho, acebolado. Pra você ter ideia, a gente nem tinha
forno. Nós tínhamos um fogão de barro de uma boca. Era uma lata de
querosene partida ao meio, preenchida com barro, tendo uma boca. Era
naquele fogão que a gente cozinhava. Aí a gente botava a lenha, soprava
ou abanava para ficar no ponto de cozinhar”, disse.
“Fazer
o arroz era fácil, mas cozinhar o feijão era muito mais difícil. Muitas
vezes não tinha carvão e a gente usava gravetos. Comprar carne em Rio
Branco era difícil, faltava. A gente comia mais conserva, enlatados. Era
um tempo muito difícil, que passou, e vencemos”, completou.
Em
outra realidade de vida, dona Terezinha diz que não sabe se vai
aguentar de emoção ao ver sua e-funcionária eleita. “Não sei se vou
aguentar tanta emoção. Mas eu sou muito forte, pé no chão, e já
enfrentei muitas coisas. Que Marina bote o pé não, tenha garra e faça o
que promete. Dê direitinho o que o povo merece. Vou votar nela, como
sempre votei. Vou votar enquanto eu respirar, nem que seja em cadeira de
rodas”, concluiu.
Marina
Silva ocupou uma vaga na candidatura à Presidência da República após a
morte de Eduardo Campos. Ela era vice na chapa do pernambucano.