Gilze Francisco, ex-paciente de câncer de mama, usou peruca durante seu tratamento. “Ela é fundamental para a inserção social da pessoa doente, pois a sociedade está cada vez mais cruel e é muito duro enfrentar os olhares de curiosidade ou de dó”, conta. Enfermeira de profissão, ela acabou fundando uma ONG – o Instituto Neomama de Prevenção e Tratamento do Câncer de mama – e hoje é presidente da Rede Feminina do Combate ao Câncer no Estado de São Paulo. “A paciente sempre tem a esperança de não perder os cabelos, mas quando isso acontece, a peruca ajuda muito”.
A campanha “Mexa-se por um fio de cabelo”, da Ong Together for Peace, organiza coletas de cabelos doados, a partir de 20 cm de comprimento. A presidente Mireille Pannett teve a ideia ao ver uma menina careca no hospital onde o marido passava por tratamento de câncer. Ela própria já doou duas vezes seus cabelos. Por se tratar de uma ação solidária, quase todos os fios são aceitos, mesmo os que passaram por tratamentos como escova progressiva. Apenas os fios descoloridos são descartados, pelo excesso de processos químicos sofridos.
As doações são encaminhadas para especialistas que confeccionam as perucas, que depois são doadas para associações como a Abrapac (Associação Brasileira de Apoio a Pacientes de Câncer), que coordena um sistema de empréstimos para pacientes da rede públicas. Elizabeth Braz é assessora da diretoria da Abrapac: “os cabelos são uma parte muito visível, muito mais que uma remoção de um seio, por isso o uso de uma peruca ajuda tanto”. Ela conta que as perucas mais procuradas e menos disponíveis são as de cabelos pretos ou castanhos escuro.