O
presidente do Sindicato dos Radialistas de Itabuna, Frankvaldo Lima,
está sendo processado por um grupo de sergipanos que fizeram o curso
técnico de radialista em Itabuna, na Bahia, mas não receberam o registro
profissional. O curso, realizado em 2009, deveria entregar o
certificado de conclusão e o registro aos quase 50 participantes, mas
apenas um teve direito ao registro.
O sergipano Fábio Santana Silva, Fábio
Som, como é mais conhecido, morador de Estância, foi uma das vítimas do
suposto calote aplicado pelo sindicato baiano. Em entrevista ao Programa
Giro da Notícia (Rádio Cultura), na tarde desta terça-feira (25), ele
desabafou.
“Nós gastamos muito com a viagem. Daqui
de Estância são 12 horas até Itabuna. O curso era uma vez por mês,
começou em março de 2009 e terminou em dezembro de 2009. Os certificados
só chegaram às mãos de alguns sergipanos porque eu fui lá pegar, senão
não tinha recebido. Mas tem muita gente ainda que nem o certificado
recebeu. Todos nós fizemos o curso direitinho, mas na hora de receber a
DRT disseram a gente que não tinha como fazer o registro porque o
sindicato estava com problemas”, explica Fábio, que teve um prejuízo de
aproximadamente R$ 15 mil, contabilizando juros e correção monetária.
O
locutor de carro de som, que já fez a denúncia na Delegacia de Itabuna,
aguarda a conclusão da investigação com a expectativa de conseguir o
tão sonhado registro profissional. Ele também lamenta o fato de apenas
um dos alunos ter recebido o registro.
Ele orienta os demais alunos
prejudicados a prestarem um Boletim de Ocorrência na Delegacia de
Itabuna e lamenta que apenas um aluno, que é deputado em Sergipe, tenha
recebido o registro de radialista.
“Algum aluno que queira seu direito, sua
DRT, me procure porque vamos sair daqui, em grupo, até Itabuna para
prestar um BO novamente. Além do BO, um inquérito no Fórum será aberto
para apurar este caso, que infelizmente nos levou a prejuízos. Lamento
que apenas o deputado federal Mendonça Prado recebeu o certificado e a
DRT. Ele fez o curso com a gente, inclusive, ele até me informou que
tinha recebido a DRT. Eu queria até fazer um apelo a ele que é uma
pessoa muito boa e muito bem vista em Sergipe e no Brasil, que ele, até
como deputado, nos ajude também a receber os nossos registros”, apelou.
O Caju News conseguiu falar com
um dos diretores do Sindicato dos Radialistas da Bahia, com sede em
Salvador. O diretor, que pediu para não ser identificado, informou que o
Sindicato de Itabuna é independente do Sindicato dos Radialistas da
Bahia e que, por esse motivo, não teria como intervir. Ele criticou o
comportamento do presidente do sindicato interiorano.
“Infelizmente há, no meio sindical,
pessoas que não fazem as coisas corretas, pessoas desonestas, pessoas
que agem de má fé. O que sabemos é que o sindicato deles não conseguiu
emitir o registro dos alunos junto ao Ministério do Trabalho por que
está com pendências. Como nós somos um sindicato de representatividade
estadual e eles de representação em Itabuna, não temos poderes para
intervir. Eles são independentes do nosso. A diretoria do Sindicato de
Itabuna precisa se pronunciar e tomar alguma providência para proteger
esses alunos que acusam o sindicato de golpista. Esse é um exemplo ruim
que só faz denigrir a imagem do sindicalismo brasileiro. Esperamos que
tudo seja resolvido e que os alunos não fiquem no prejuízo”, resume.
Já o
presidente do Sindicato dos Radialistas de Sergipe, Fernando Cabral,
denunciou que o Sindicato de Itabuna é famoso por vender registros
profissionais. Fernando Cabral, que também é diretor da Federação
Interestadual dos Radialistas, defendeu uma ampla revisão dos registros
fornecidos por Itabuna.
“Tem
colegas de vários Estados do Brasil com esse registro. Tem registro de
Itabuna no Amazonas, em São Paulo e no Rio de Janeiro. O que nós
queremos agora é uma revisão geral em todos os registros profissionais
emitidos por Itabuna. Agora nós temos instrumentos para correr atrás
desta verificação geral de todos os registros em Itabuna. Não quero
dizer que todos os registros são fraudes, até por que a gente sabe que
tem registros bons de Itabuna. Mas a grande maioria era vendida por R$
1.500,00 e até R$ 2 mil”, denuncia, acrescentando que, após a morte de
uma ex-diretora do sindicato, a irmã assumiu a operação.
“Tinha uma senhora que cuidava do
sindicato, a senhora Dete, que faleceu, e a irmã dela ficou no lugar pra
fazer essa operação. Na verdade essa questão acontece há muitos anos.
Todos sabem do nosso bom combate contra esse curso de Itabuna. Desde
1996, nós já alertávamos que esse curso era um curso fajuto e que
ninguém deveria fazer”, lembra Cabral.
O Caju News tentou ouvir o deputado federal Mendonça Prado, mas não conseguiu localizá-lo.