segunda-feira, 6 de abril de 2015

Depois de deixar vida de travesti, coiteense busca casamento com mulher e deseja ter dois filhos

Antes Paulinha lins, hoje Clécio Gomes.
Antes Paulinha Lins, hoje Clécio Gomes.
O tema que o Calila Noticias vai abordar é bastante polêmico, não pela opção sexual de uma pessoa que desde os 12 anos de idade, filho de pequeno agricultor rural, que optou por viver a vida homossexual, mas pela decisão de depois de quase trinta anos dedicado aos programas, baladas, farras, drogas, fama, viagens internacionais, aventuras amorosas, silicone, plástica, ostentação, convivência com pessoa do mesmo sexo e etc, de jogar tudo para o alto e buscar nova vida.
No sábado de Aleluia completou 1 ano que ele retornou para Coité e o passado não lhe interessa.
Vamos falar de Clécio Gomes de Araújo, 39 anos, natural de Conceição do Coité, precisamente da Fazenda Quixabeira, na região distrito de Salgadália. Ele aceitou a proposta para uma entrevista ao Calila Noticias para explicar tudo sobre essa decisão tomada, já que seus conterrâneos o conheceram ainda muito jovem com a postura homossexual, que com o passar do tempo ganhou corpo com características femininas, mas que de um ano para cá é visto nas ruas da cidade e na igreja que frequenta usando sapato e roupa social, sem os longos cabelos loiros e principalmente os seios que carregava a base de prótese.
Hoje é membro da Igreja Evangélica Tabernáculo de Deus, em Conceição do Coité, onde garante ter encontrado muito apoio da pastora e dos “irmãos”.
Acompanhe a seguir a entrevista que Clécio Gomes, antes conhecido por “Paulinha” concedeu com exclusividade ao CN.
CN – Clécio, inicialmente vamos falar do início de tudo. Como e quando você descobriu que tinha tendência para o homossexualismo?
Paulinha Lins como era conhecida nas baladas o Clécio Gomes.
CG –  A partir do momento que comecei a me entender como pessoa, ainda por volta dos meus 12 anos, já sentia o desejo por pessoas do mesmo sexo (homem), às vezes a gente não entende porque um homem tem o desejo por outro, mulher ter desejo por outra mulher, eu tinha e confesso que até lutava contra esse desejo, mas não conseguia, pois o desejo da carne é muito forte, quando a gente não tem uma vida focada para o lado espiritual, a gente acaba cedendo, e como eu não tinha o conhecimento da palavra de Deus naquele tempo, ai foi acontecendo, não foi uma coisa boa, mas a partir do momento que comecei a demonstrar meu lado feminino, até dentro de minha casa era descriminado, o sofrimento já começa a partir da infância, da adolescência, só gostava de brincar de boneca com as meninas, não queria ir trabalhar no motor de sisal, mesmo assim ia forçado, mas meu desejo era ficar limpado a casa, fazendo comida, e sempre queria está na companhia de mulher, então quando o adolescente está muito frequente ao lado de mulheres já puxa pra isso. Meu pai dizia que eu não era filho dele, porque não tinha filho viado, sabe as pessoas daquele tempo né, Deus já o levou. Eu tinha aquele jeito, aquele desejo, mas não queria aquilo pra mim (homossexualismo) mas quando vem o preconceito da família empurra a gente mais ainda pra essas coisas, porque as palavras de maldição lançadas de um pai ou de uma mãe contra um filho, para quem não entende o mundo espiritual é normal, mas pra quem entende é uma força muito grande para jogar as pessoas na lama. Como as palavras de benção que Deus abençoa surte efeito a de maldição também, o diabo já pega e foca naquilo ali.
CN – Vivendo na zona rural convivendo com essa situação narrada, onde parte de sua família não aceitar sua tendência, você deixou a casa dos seus pais ainda cedo, teve oportunidade de estudar?
Clécio quer uma companheira que não leve em consideração seu passado.
CG – Eu bem que queria estudar, mas não tive a oportunidade e parei na terceira série, pois tinha que trabalhar para ajudar no sustento da família, éramos onze irmãos, mas rejeitava também o trabalho pesado, sofredor, eu queria mesmo era estudar (pausa para limpar lágrimas) eu tinha uma irmã que morava no centro da cidade de Coité, eu ia para lá, não queria mais voltar pra roça, pois pensava em ter uma vida melhor da que os meus pais tiveram, até para poder ajudar eles mesmos, ai fiquei ajudando minha irmã, nascia sobrinhos filhos dela e eu ficava ajudando  no período de resguardo. Depois de tudo que eu fazia por ela, o marido me botava pra fora de casa, jogava minha roupa no meio da rua, me humilhava, tudo isso na idade entre 12 e 13 anos. Voltava pra roça, só que não me acostumava mais, pegava minha roupa e saia escondido e ia para beira de estrada para pegar carro para voltar pra cidade, passei a trabalhar em casas de família somente em troca de prato de comida, pra ter uma dormida (mais choro). Mesmo assim sem as coisas darem certo como eu queria permanecia na cidade até que tive a oportunidade dada pelo casal Ana e Usiel, que me apoiou e fiquei seis anos com essa família prestando serviço de casa e de lanchonete. Sou muito grato a eles.
CN – Seis anos depois você já mais acostumado na cidade, mais envolvido com novas amizades e naturalmente nas baladas. Como era ser homo naquele tempo?
paulinha lins- 2
Muito sofrimento. Preconceito muito grande, apanhei muito na rua, fizeram muita perversidade comigo, atos sexuais forçado, naquele tempo era muito difícil, hoje a gente encontra pessoas do mesmo sexo se beijando na praça, naquele tempo andávamos escondidos pelos becos para não apanhar, a gente tinha que evitar exposição. Posso dizer que eu servir para abrir as portas do preconceito em Coité, era grande tabu naquele tempo. Na mesma época conheci um travesti que inclusive é meu parente, também aqui de Coité, eu o vi, achei bonito, e passei a querer ficar igual, isso aos 14 anos, ai queria me aproximar dele, pois era parente mas eu não tinha aproximação, queria me aprofundar no assunto, querendo saber que tipo de hormônio tomar para crescer os seios, comecei a tomar e meu corpo começou a se transformar, e na época eu estava morando na casa de Ana que começou a não gostar, porque realmente para a família ver uma coisa é difícil, eu entendi, ela foi muito legal comigo, sou muito grato por tudo que fizeram por mim.  
CN – Quando você procurou outros horizontes, já que ao tomar hormônios pensava em expandir e até usar o corpo como forma de ganhar dinheiro?
Tudo isso que Clécio viveu reconhece que foi passageiro e nada de boas recordações trás consigo.