
Antes Paulinha Lins, hoje Clécio Gomes.
O tema que o Calila Noticias vai abordar
é bastante polêmico, não pela opção sexual de uma pessoa que desde os
12 anos de idade, filho de pequeno agricultor rural, que optou por viver
a vida homossexual, mas pela decisão de depois de quase trinta anos
dedicado aos programas, baladas, farras, drogas, fama, viagens
internacionais, aventuras amorosas, silicone, plástica, ostentação,
convivência com pessoa do mesmo sexo e etc, de jogar tudo para o alto e
buscar nova vida.

Vamos falar de Clécio Gomes de Araújo,
39 anos, natural de Conceição do Coité, precisamente da Fazenda
Quixabeira, na região distrito de Salgadália. Ele aceitou a proposta
para uma entrevista ao Calila Noticias para explicar tudo sobre essa
decisão tomada, já que seus conterrâneos o conheceram ainda muito jovem
com a postura homossexual, que com o passar do tempo ganhou corpo com
características femininas, mas que de um ano para cá é visto nas ruas da
cidade e na igreja que frequenta usando sapato e roupa social, sem os
longos cabelos loiros e principalmente os seios que carregava a base de
prótese.
Hoje é membro da Igreja Evangélica
Tabernáculo de Deus, em Conceição do Coité, onde garante ter encontrado
muito apoio da pastora e dos “irmãos”.
Acompanhe a seguir a entrevista que Clécio Gomes, antes conhecido por “Paulinha” concedeu com exclusividade ao CN.
CN – Clécio, inicialmente vamos
falar do início de tudo. Como e quando você descobriu que tinha
tendência para o homossexualismo?

CG – A partir do momento que
comecei a me entender como pessoa, ainda por volta dos meus 12 anos, já
sentia o desejo por pessoas do mesmo sexo (homem), às vezes a gente não
entende porque um homem tem o desejo por outro, mulher ter desejo por
outra mulher, eu tinha e confesso que até lutava contra esse desejo, mas
não conseguia, pois o desejo da carne é muito forte, quando a gente não
tem uma vida focada para o lado espiritual, a gente acaba cedendo, e
como eu não tinha o conhecimento da palavra de Deus naquele tempo, ai
foi acontecendo, não foi uma coisa boa, mas a partir do momento que
comecei a demonstrar meu lado feminino, até dentro de minha casa era
descriminado, o sofrimento já começa a partir da infância, da
adolescência, só gostava de brincar de boneca com as meninas, não queria
ir trabalhar no motor de sisal, mesmo assim ia forçado, mas meu desejo
era ficar limpado a casa, fazendo comida, e sempre queria está na
companhia de mulher, então quando o adolescente está muito frequente ao
lado de mulheres já puxa pra isso. Meu pai dizia que eu não era filho
dele, porque não tinha filho viado, sabe as pessoas daquele tempo né,
Deus já o levou. Eu tinha aquele jeito, aquele desejo, mas não queria
aquilo pra mim (homossexualismo) mas quando vem o preconceito da família
empurra a gente mais ainda pra essas coisas, porque as palavras de
maldição lançadas de um pai ou de uma mãe contra um filho, para quem não
entende o mundo espiritual é normal, mas pra quem entende é uma força
muito grande para jogar as pessoas na lama. Como as palavras de benção
que Deus abençoa surte efeito a de maldição também, o diabo já pega e
foca naquilo ali.
CN – Vivendo na zona rural
convivendo com essa situação narrada, onde parte de sua família não
aceitar sua tendência, você deixou a casa dos seus pais ainda cedo, teve
oportunidade de estudar?

CG – Eu bem que queria estudar, mas
não tive a oportunidade e parei na terceira série, pois tinha que
trabalhar para ajudar no sustento da família, éramos onze irmãos, mas
rejeitava também o trabalho pesado, sofredor, eu queria mesmo era
estudar (pausa para limpar lágrimas) eu tinha uma irmã que morava no
centro da cidade de Coité, eu ia para lá, não queria mais voltar pra
roça, pois pensava em ter uma vida melhor da que os meus pais tiveram,
até para poder ajudar eles mesmos, ai fiquei ajudando minha irmã, nascia
sobrinhos filhos dela e eu ficava ajudando no período de resguardo.
Depois de tudo que eu fazia por ela, o marido me botava pra fora de
casa, jogava minha roupa no meio da rua, me humilhava, tudo isso na
idade entre 12 e 13 anos. Voltava pra roça, só que não me acostumava
mais, pegava minha roupa e saia escondido e ia para beira de estrada
para pegar carro para voltar pra cidade, passei a trabalhar em casas de
família somente em troca de prato de comida, pra ter uma dormida (mais
choro). Mesmo assim sem as coisas darem certo como eu queria permanecia
na cidade até que tive a oportunidade dada pelo casal Ana e Usiel, que
me apoiou e fiquei seis anos com essa família prestando serviço de casa e
de lanchonete. Sou muito grato a eles.
CN – Seis anos depois você já
mais acostumado na cidade, mais envolvido com novas amizades e
naturalmente nas baladas. Como era ser homo naquele tempo?
Muito sofrimento. Preconceito muito
grande, apanhei muito na rua, fizeram muita perversidade comigo, atos
sexuais forçado, naquele tempo era muito difícil, hoje a gente encontra
pessoas do mesmo sexo se beijando na praça, naquele tempo andávamos
escondidos pelos becos para não apanhar, a gente tinha que evitar
exposição. Posso dizer que eu servir para abrir as portas do preconceito
em Coité, era grande tabu naquele tempo. Na mesma época conheci um
travesti que inclusive é meu parente, também aqui de Coité, eu o vi,
achei bonito, e passei a querer ficar igual, isso aos 14 anos, ai queria
me aproximar dele, pois era parente mas eu não tinha aproximação,
queria me aprofundar no assunto, querendo saber que tipo de hormônio
tomar para crescer os seios, comecei a tomar e meu corpo começou a se
transformar, e na época eu estava morando na casa de Ana que começou a
não gostar, porque realmente para a família ver uma coisa é difícil, eu
entendi, ela foi muito legal comigo, sou muito grato por tudo que
fizeram por mim.
CN – Quando você procurou outros
horizontes, já que ao tomar hormônios pensava em expandir e até usar o
corpo como forma de ganhar dinheiro?
