Entre suas concorrentes está a
Porto Seguro, operadora virtual lançada em 2013 com melhor desempenho no
país, com 321 mil clientes em sua base
Um celular liga, manda mensagens e
acessa à internet. Para fiéis da Assembleia de Deus em São Paulo, a
partir desta quinta (1º), ele também serve para pedir orações, encontrar
o endereço da igreja mais próxima e ter um momento com a Bíblia. A
maior denominação pentecostal do Brasil -com 12,3 milhões de devotos,
segundo o censo do IBGE de 2010- lançou a operadora virtual de telefonia
celular Mais AD, que funcionará pela rede da Vivo.
A meta da nova empresa é conectar 1
milhão de fiéis na rede em 12 meses de operação. Entre suas concorrentes
está a Porto Seguro, operadora virtual lançada em 2013 com melhor
desempenho no país, com 321 mil clientes em sua base.
“A primeira meta é ter penetração na
comunidade. Se conseguirmos atingir a base de 1 milhão de clientes, pode
ter certeza que o projeto tem viabilidade econômica”, afirma Raul
Aguirre, diretor-geral da Mais AD.
O sistema de operadora virtual foi
regulamentado no Brasil pela Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações) em 2010. Segundo a agência, existem dois modelos para o
sistema. As operadoras autorizadas, como a Porto Seguro, compram
minutos e dados de uma operadora e revendem aos clientes. Já a Mais AD
usa o sistema de operadora comissionada, recebendo uma participação da
receita com os gastos no telefone.
Para garantir o crescimento, o site da
operadora já está recrutando colaboradores “voluntários” para vender os
chips da Mais AD e “divulgar seus conteúdos evangelizadores” no modelo
porta a porta. O chip custará R$ 9,90, sem crédito. “Não conseguimos ser
tão competitivos como as grandes operadoras”, diz Aguirre sobre a
necessidade de colocar créditos para fazer a primeira ligação.
O executivo afirma que já são mais de
400 colaboradores da comunidade da Assembleia já cadastrados para vender
linhas telefônicas. Eles comprarão o chip por um valor menor e
receberão a diferença do valor vendido ao dono da nova linha. Além
disso, a empresa terá 45 pontos de venda físicos.
OS PLANOS
Inicialmente o serviço será
exclusivamente pré-pago, e os clientes da nova operadora terão acesso
aos mesmos pacotes da Vivo. Por R$ 6,90 por semana, o dono da linha terá
75 Megabytes de acesso à internet, 100 minutos de ligações para Mais AD
e Vivo de qualquer lugar do Brasil e SMS ilimitado para Mais AD e Vivo.
Acesso diário à internet custará R$ 0,99 e pacotes de SMS também serão
vendidos separadamente. Planos pós-pagos devem entrar no portfólio em
cerca de seis meses.
Aguirre, que não é um fiel da
Assembleia, afirma que o principal desafio da nova operadora é se
inserir dentro dos protocolos da igreja. Os chips serão vendidos por
membros da igreja, o call center terá apenas operadores fiéis e os
conteúdos exclusivos, como jogos e conteúdos de aprendizagem sobre a
religião também serão produzidos dentro da congregação e terão a
aprovação dos pastores.
Na avaliação de Eduardo Tude, diretor da
consultoria Teleco, o interesse da igreja na operadora não é
exclusivamente econômico. “Para eles não é só o dinheiro. O principal é
contato direto com a comunidade, poder mandar mandar mensagens em massa,
estabelecer uma comunicação com essa base”, diz.
A Mais AD saiu do papel com a empresa
MOVTTEL, que tem em seu quadro Ricardo Knoepfelmacher, ex-presidente da
Brasil Telecom, operadora incorporada à Oi. Entre investidores, estão
membros da igreja. O valor aplicado no negócio não foi informado.
Folha Uol