quinta-feira, 3 de abril de 2014

Casal atacou pelo menos dez taxista nos últimos dois meses em Salvador



Ednei e Bianca já foram reconhecidos por nove taxistas assaltados


Além deles, foram presos por receptação de bens roubados Sinésio Xavier, 38, e Paulo Reis, 29, moradores da Boca do Rio. Junto com Bianca e Ednei, eles vão responder também por formação de quadrilha.

A prisão de terça-feira foi a segunda do casal de assaltantes em pouco tempo. Eles já haviam sido detidos no dia 15 de março, na Boca do Rio, pelo mesmo crime. Naquele dia, foram apresentados na 9ª Delegacia com um revólver 38 e pedras de crack. No entanto, de acordo com informações do sistema de consulta processual no site do Tribunal de Justiça, foram beneficiados com relaxamento da prisão no dia 26.

O portal informa ainda que há uma audiência de instrução e julgamento marcada para o dia 15 de dezembro deste ano.

Violência
De acordo com a polícia, as vítimas da dupla afirmaram que Bianca e Ednei agem com muita violência, costumando colocar a arma dentro da boca dos taxistas para fazer ameaças.
As investigações da 12ª Delegacia mostram que os taxistas assaltados trabalhavam na região da Boca do Rio e Imbuí. Ali, Bianca parava um táxi na rua. Quando o motorista parava, Ednei aparecia e anunciava o assalto, obrigando que o taxista fosse para Itapuã. Depois de ter objetos e dinheiro roubados, os taxistas eram liberados com o carro.

“Das 10 ocorrências registradas aqui, com o mesmo modo de operação, nove vítimas já reconheceram o casal”, disse o delegado ACM Santos. Celulares, computadores e outros objetos de valor eram vendidos para Sinésio e Paulo, que chegavam a pagar R$ 150 por aparelhos de celulares avaliados em R$ 1.600.

De acordo com a polícia, Sinésio e Paulo costumavam comprar produtos roubados de usuários. Com eles, foram encontrados alguns botijões de gás entregues por dependentes.
Quase todo o dinheiro conseguido por Bianca e Ednei, ainda segundo a polícia, era usado para comprar crack.

Classe média
De acordo com policiais da 12ª Delegacia, Bianca faz parte de uma família de classe média. Ela chegou a ser guia turística em Lençóis, na Chapada Diamantina e, antes de ser tomada pelo vício no crack, morava num edifício no Alto do Itaigara.

Ela contou que há cerca de cinco anos fumou as primeiras pedras de crack e que, por isso, abandonou a família. “Comecei a usar por causa de um namorado. Depois disso, nunca mais consegui largar”, afirmou, ontem, Bianca, que namora Ednei há cerca de dois meses - o mesmo período dos assaltos.

“Eu não tenho nível superior, mas fiz um curso de treinamento de professor de inglês. Era fluente, mas hoje não falo tão bem”, disse, ontem, Bianca, que afirmou ter um certificado de proeficiência em Inglês da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. “Fiz as provas todas aqui”, declarou. “Ela chegou a ser a guia mais requisitada de Lençóis”, disse o delegado ACM Santos. Segundo ele, Bianca e o namorado já foram presos também por furto. “Ela uma vez e ele duas”.

Ação de casais é conhecida na praça

Os ataques mais comuns a taxistas são cometidos por casais - assim como Bianca Fernandez e Ednei Francisco - segundo o presidente da Associação de Taxistas do Aeroporto Luis Eduardo Magalhães, João Paim. “Há sempre uma mulher no meio. Ou elas vão já com o homem ou vão sozinhas e levam o taxista até o local onde o companheiro está”, diz.

Os profissionais mais vulneráveis são os que trabalham na rua, sem ligação com empresas de rádio ou cooperativas. “Nós que ficamos no Aeroporto temos um pouco mais de segurança. Mas, quando alguém chama na rua, não tem escrito na testa se é ladrão ou alguém decente”.

Ele diz que onde mais ocorrem assaltos são locais como o Nordeste de Amaralina, Tancredo Neves, São Cristóvão e Bairro da Paz. “São bairros populosos”, disse, apesar de não ter estatísticas recentes. Nem os profissionais usuários dos aplicativos de táxi para celular estão a salvo. “O app deveria ser mais seguro, mas até isso os criminosos estão usando”, lamentou.