Com os R$ 0,22 de aumento nos
tributos que incidem sobre a gasolina, anunciado pelo governo federal na segunda-feira, o combustível poderá ficar
entre R$ 0,50 e R$ 0,70 mais caro para os baianos ainda no primeiro semestre
deste ano. Isso porque o aumento de Brasília deverá se juntar a elevações de
impostos e nos custos operacionais dos revendedores aqui na Bahia.
Segundo a projeção do Sindicato
do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado da Bahia
(Sindicombustíveis), a elevação de três pontos percentuais na alíquota do
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) deve ter um impacto
de R$ 0,10, enquanto os custos com reajustes salariais e com a energia elétrica
vão representar mais R$ 0,20 no combustível.
“Vai depender muito do que vai
acontecer. Se a gente somar os R$ 0,22 do governo, mais os R$ 0,10 centavos do
ICMS do estado e o reajuste que a Petrobras está prevendo, vamos ter aí quase
R$ 0,40”, afirma o presidente da entidade, José Augusto Melo.
A soma com certeza irá impactar
no consumidor. “A primeira coisa que vai determinar é o valor da nota fiscal
que vai chegar aos postos a partir do dia primeiro de fevereiro”, diz.
Segundo a Secretaria da Fazenda
do Estado da Bahia (Sefaz) o incidente sobre a gasolina, que passa a vigorar
90 dias após a publicação no Diário
Oficial, terá os recursos destinados para o Fundo Estadual de Logística e
Transportes.
Além dos R$ 0,22 na gasolina, foi
divulgada uma elevação de R$ 0,15 no preço do óleo diesel.
Aperto
A expectativa do governo é
arrecadar R$ 12,18 bilhões com o reajuste do valor das alíquotas. O aumento
passa a valer a partir de primeiro de fevereiro. Segundo o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, o objetivo dessas medidas é aumentar a confiança na economia.
“O preço da Petrobras, ela que
decide, estamos falando aqui dos impostos. Se não houver alteração no preço, o
reajuste no valor do combustível será de apenas R$ 0,22”, disse. Segundo o
economista Edísio Freire esse “aumento de confiança” vai apertar o orçamento do
brasileiro.
“As medidas vão chegar com força.
Se há um aumento no custo da produção de combustível não tem como isso não ser
repassado para o consumidor”, destaca.
Para Freire, o fato da Petrobras
ter trabalhado durante cerca de quatro anos para segurar o reajuste tornou a
medida do governo necessária, diante do atual cenário econômico.
“Agora a Petrobras precisa
recuperar esta perda. A situação dela está realmente muito complicada. Diante
de um governo que não tem dinheiro, que está com o orçamento negativo e tem
déficit, em algum momento esses aumentos teriam que acontecer”, explica.
O aumento no valor dos
combustíveis deve provocar uma reação em cadeia em outros setores: “O
combustível esta ligado à logística. Com certeza, vai gerar um impacto grande
na inflação e em outros setores da economia, principalmente no mercado agrícola
o que, para o consumidor, vai significar uma alta no preço dos alimentos”.
Com a queda da cotação do
petróleo, o preço da gasolina nas refinarias do Brasil já está quase 70% acima
do preço da referência internacional do combustível, segundo cálculos do Centro
Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
De acordo com levantamento
divulgado ontem pelo CBIE, o preço de
refinaria nacional da gasolina atingiu, na segunda-feira, uma diferença de
68,9% em relação ao preço médio do combustível no mercado internacional. Correio24horas.