quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Homem simulou assalto para fugir de blitz da Lei Seca, diz polícia


Em uma blitz da Balada Segura na Avenida Goethe, em Porto Alegre, agentes de trânsito e brigadianos foram surpreendidos por um homem que desceu do carro correndo ao ser abordado.
— Assalto! Assalto! — dizia o motorista de 36 anos, atribuindo o crime a três adolescentes que estavam dentro de seu veículo Tiida e que chegaram a ser detidos pela Brigada Militar.
De acordo com investigações da Polícia Civil, a cena, ocorrida no último dia 16, é pura encenação. A vítima havia passado a noite circulando com os supostos sequestradores, consumindo drogas e planejando um assalto, segundo informações do delegado Raul Vier, da Delegacia para o Adolescente Infrator.
— Quando chegou à delegacia, que seria o momento de estar seguro, com policiais e estrutura adequada, ele fugiu — afirma.
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O homem, cuja identidade não foi divulgada, recebeu intimação, mas não compareceu à delegacia na data agendada, sem dar explicações. Em três outras ocasiões, os investigadores foram à casa dele, sem encontrá-lo no local. Na sequência, uma familiar entrou em contato com a polícia dizendo que ele se apresentaria com um advogado. O fato de uma suposta vítima de assalto ir à delegacia com um defensor gerou desconfiança.
— Fomos atrás das filmagens do posto de combustíveis onde ele e os três adolescentes abasteceram duas vezes em um curto espaço de tempo. Não havia nada indicando que se tratava de alguma vítima de roubo. Funcionários do posto disseram que não tinha nada de extraordinário, de situação suspeita — acrescenta Vier.
A apuração preliminar dá conta de que o homem ficou rodando pela cidade com os adolescentes de 14, 15 e 17 anos, consumindo drogas e planejando um assalto — informação confirmada pelos detidos em depoimento. Neste meio tempo, foi parado na blitz.
— Ele se assustou, aproveitou a oportunidade e inventou uma história fantasiosa — diz o delegado.
O homem tem antecedentes policiais por tráfico e posse de entorpecentes, entre outros delitos. Há uma ação de interdição movida por sua família, devido à dependência química (ele já foi internado diversas vezes).
O caso é investigado pela Delegacia do Adolescente Infrator, vinculada ao Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), pela qual os três adolescentes foram indiciados por associação criminosa (antigo crime de quadrilha), já que estavam reunidos para realizar um assalto. Como o delegado constatou que o adulto praticou crimes contra os adolescentes — afinal, acusou-os de um crime — cópias do procedimento serão remetidas à Delegacia da Criança e do Adolescente Vítimas de Delitos, onde será instaurado inquérito policial.