terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Fotos de anônimos são projetos na internet e em livros


Nas última semanas, um livro de fotografia tem causado barulho em Nova York. Depois de três anos fazendo retratos de pessoas nas ruas da cidade, Brandon Stanton lançou a versão impressa da sua famosa página no Facebook, Humans of New York. São quase 2 milhões de fãs de todo o mundo – e, desde outubro, o livro está entre os mais vendidos na lista do New York Times.
Primeira foto tirada por Pedro para o projeto, no carnaval de 2011 - Pedro Garcia/Divulgação
Pedro Garcia/Divulgação
Primeira foto tirada por Pedro para o projeto, no carnaval de 2011
Após perder o emprego no mercado financeiro em Chicago em 2010, Stanton decidiu fazer viagens por cidades americanas tirando fotos do que mais lhe marcava. Em Nova York, se impressionou com as pessoas. Criou um blog em que postava fotos de anônimos, com pequenas confissões que lhe faziam. Ao aceitar que ele tirasse uma foto, cada um era submetido a perguntas pessoais: o que te preocupa hoje? que conselho você daria para alguém?. Atualmente, a página do Facebook é atualizada em média 5 vezes por dia, e o livro, lançado em outubro, traz uma seleção com 400 personagens.
Para o designer Pedro Garcia, o exemplo do sucesso de Stanton mostra que há uma “libertação da mensagem de ter algum meio para existir” , em relação a suportes tradicionais, como jornais e revistas. Ele lança neste mês o seu livro de fotografias, também divulgadas primeiro na internet, sob o codinome Cartiê Bressão. As imagens são todas de iPhone, feitas desde o carnaval de 2011, quando saiu em um bloco vestido de Jorge Tadeu (o personagem de Fábio Júnior na novela Pedra sobre Pedra). Decidiu incorporar o retratista e começou a tirar as fotos “na cara de pau mesmo”.
“No final do desfile, tinham umas crianças fantasiadas tomando picolé num bar. Essa foto me marcou. A partir desse momento, comecei a ficar ligado nessas imagens, e fotografar isso me causava um sentimento que nunca tinha vivido – diferente de estar apenas presenciando uma coisa bonita. Ao capturar, você passa a se apoderar daquele momento. Existe uma cumplicidade do fotógrafo com a cena. Um improviso criativo, uma espécie de jam session com a cidade e seus personagens”, explica.