
Ao chegar em casa no horário do
almoço, veja através do noticiário de uma das maiores
redes de televisão do país, a exibição de um vídeo, onde
em Belford Roxo, Rio de Janeiro, um “justiceiro”,
executa sumariamente um homem, que segundo investigação
policial, era um ladrão que roubava de forma contumaz na
região onde ocorreu a covarde execução. Crimes como
esses tem se tornado cada vez mais frequentes nas
cidades brasileiras, principalmente em áreas dominadas
pelo crime organizado, que temendo uma ação um pouco
mais eficaz da polícia, elimina preventivamente àqueles
que podem por em risco a prática cada vez mais eficiente
dos narcotraficantes.
Para além da brutalidade do crime que
foi exibido em rede nacional, nos perturba a ascendente
cumplicidade de muitos cidadãos e cidadãs, que
independente do lugar do Brasil, apostam numa tácita
parceria com esses criminosos, que claramente não fazem
justiça nenhuma, apenas estabelecem com a sua prática
delituosa, a demarcação territorial do seu domínio,
afirmando com a sua ação, quem de fato “manda no
pedaço”, cabendo apenas aos homens e mulheres de bem, o
cumprimento fiel da “lei do silêncio”, o que na verdade
acaba retroalimentando as referidas organizações
criminosas.
O fato é que na queda de braço,
estamos perdendo a luta para o crime organizado em nosso
país, e ao que parece, tendo cada vez mais a “parceria”
da população, que vem deixando de acreditar no poder das
instituições que deveriam dar a segurança a nossa
população, pois o Estado vem tacitamente chancelando a
ação delituosa organizada, pois não cumpre com a sua
responsabilidade de proporcionar mais segurança,
portanto, mais qualidade de vida para nossa gente.
Estamos
de fato vivendo numa encruzilhada, onde só mesmo os
espíritos mais nobres insistem (felizmente) na defesa de
princípios éticos que abominam de forma visceral
atitudes como essas que nos referimos acima, que
reacende o ódio e nos joga cada vez mais em um universo
de incertezas, no processo de vida em sociedade. Mas
ainda bem que reside nos “quatro cantos” desse velho
mundo, almas benfazejas, que mesmo desacreditando na
justiça feita pelos homens, não procuram fazer justiça
com as próprias mãos, até porque faroeste deve ser só
coisa de cinema hollywoodiano, não uma prática que deva
ter aprovação e participação popular.