Bahia sangrenta registra 5.589 assassinatos em um ano
Relatório feito e divulgado pelo
conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Pedro Lino, faz um
verdadeiro raio-x da escalada da violência na Bahia em 2012.
Segundo o levantamento apresentado por
Lino durante a apreciação das contas do governador Jaques Wagner, na
terça-feira (04), embora o governo tenha aplicado no ano passado R$
3.046 bilhões na Secretaria de Segurança Pública (SSP), a pasta utilizou
R$ 2,7 bi desse montante para cobrir despesas com pessoal e encargos
sociais. Outros R$ 161,7 milhões foram investidos em propagandas e
apenas R$ 117,5 mi em armamentos, viaturas, munições, equipamentos e
tecnologia.
Para o conselheiro, a falta de
investimento efetivo na segurança é refletida no número de homicídios
registrados no ano passado – 5.589 – comparado com 2011 – 4.631 –, o que
fazendo simples cálculo chega-se a 958 pessoas assassinadas a mais,
crescimento de 20%. “Os números do orçamento da Secretaria de Segurança
demonstra uma gestão orçamentaria onerosa, com alto gasto em custeio
(funcionamento) e baixíssimo poder de investimento”, consta no
documento.
“Existe a necessidade premente de elevar
os investimentos em Segurança Pública, para poder aumentar o tamanho da
tropa das policiais civil e militar, investir em capacitação, aplicar
tecnologia, estrutura física, para, assim, conseguir fazer frente à
crescente criminalidade”, conclui Pedro Lino.
A marca de 5.589 assassinatos em 2012
coloca a Bahia no topo do ranking dos estados mais violentos do Brasil,
ficando à frente até de São Paulo, que registrou 5.200 assassinatos, mas
que possui 41,9 milhões habitantes, quase três vezes o número de
moradores da Bahia (14 milhões). Estados como Rio de Janeiro (4.130
assassinatos – população de 16,2 milhões) e Minas Gerais (3.829 –
população de 19,8 milhões de habitantes) também seguem bem atrás.
Outro fator preocupante demostrado no
relatório faz referência ao principal indicador utilizado, em todo o
mundo, para medir o nível de segurança de um lugar que é a quantidade de
homicídios registrados para cada 100 mil habitantes do local.
A Organização das Nações Unidas (ONU)
considera epidemia de homicídios, um pais ou estado, onde o número de
assassinatos supere a taxa de 12 mortes por 100 mil habitantes. A média
brasileira é de 22,7 para cada 100 mil. A Bahia alcançou o índice de
39,43 homicídios para cada 100 mil em 2012.
Sobre os números apresentados pelo
conselheiro do TCE baiano, o secretário de Segurança Pública, Maurício
Barbosa, acredita que a greve dos policiais militares no início do ano
tenha desestruturado todo o cronograma organizado para 2012. Barbosa
utiliza dados comparativos de 2010, em relação a 2011, onde a Bahia
registrou queda de 6% no número de assassinatos.