terça-feira, 4 de novembro de 2014

Montadoras correm para driblar desaceleração

Do lado de dentro do Salão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, jovens modelos com roupas provocantes e maquiagem carregada posam para fotos ao lado dos mais modernos lançamentos do setor automotivo: de esportivos de luxo a imponentes SUVs ou populares compactos.
Fábrica da Chery (Divulgação)Do lado de fora, dezenas de trabalhadores ligados ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos carregam faixas e cartazes em um protesto contra demissões e o que definem como "precarização do trabalho no setor".
Certamente, esta segunda cena não é a que os patrocinadores do evento gostariam de ver estampada nos jornais.
"Mas todos esses carros com tecnologia de ponta são feitos por nós - e queríamos chamar a atenção do público e da imprensa sobre o que as recentes demissões do setor significam para as famílias dos trabalhadores", explicou a BBC Brasil Antônio Ferreira de Barros, presidente do sindicato.
O protesto ocorreu na última sexta-feira, quando o Anhembi sediava o segundo dia do 28º Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, maior feira automobilística da América Latina (aberta ao público até o dia 9).
Há cinco décadas, o evento é um palco para as montadoras atiçarem o desejo dos consumidores com as últimas novidades do setor. Carros conectados à internet, capazes de ultrapassar os 300 km por hora ou até modelos autoguiados.
Esta edição, porém, acabou também sendo marcada pelas incertezas e desafios dessa indústria que parece ter sido uma das mais rapidamente atingidas pela desaceleração da economia no Brasil.
Segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos (Anfavea), até setembro, a produção da indústria automotiva brasileira teve uma retração de 16,8% em relação ao mesmo período de 2013 - afetada pelo mercado interno fraco e a queda das exportações para a Argentina.
As vendas caíram 9,1% sobre o mesmo período de 2013 e os pátios cheios se tornaram a imagem-símbolo do desaquecimento econômico.
Milhares de funcionários do setor perderam seus postos de trabalho nos últimos meses (embora, segundo a Anfavea, a maioria deles tenha sido incluída em programas de demissão voluntária).