Com medo dos 'rolezões' marcados por sem-teto para a tarde de hoje, dois
shoppings de São Paulo resolveram fechar as portas. O shopping Campo
Limpo e o Jardim Sul, ambos na zona sul da cidade, encerraram suas
atividades por volta das 17h, pouco antes da chegada de manifestantes. O
horário normal de funcionamento dos dois shoppings é as 22h.
O Campo Limpo havia conseguido na Justiça uma liminar (decisão
provisória) contra o evento. Mesmo após a decisão da Justiça, o centro
comercial fechou as portas por volta das 16h30 incluindo a entrada
principal. A segurança também foi reforçada no shopping. Há muitos
vigias guardando as entradas e foram colocados comunicados sobre a
decisão da Justiça.
Os sem-teto também pretendiam fazer um "rolezão" no shopping Jardim Sul
nesta quinta-feira, mas o local também fechou as portas por volta das
17h. O Tribunal de Justiça, porém, afirmou não ter informações se o
local acionou a Justiça para impedir o evento, assim como o shopping
Campo Limpo.
O evento de hoje foi organizado pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores
Sem-Teto) e por outros coletivos da periferia e foi inspirado nos
'rolezinhos', encontro marcado por jovens pelas redes sociais.
"É um absurdo a gente ter de pagar pelos baderneiros", disse Sidney
Vieria. Com a filha de colo, ele tentou deixar o shopping Campo Limpo
pela saída que liga ao metrô, mas foi impedido pela segurança, que pediu
que ele utilizasse outra porta.
A liminar concedida hoje ao shopping Campo Limpo aponta que "embora [os
shoppings] sejam locais abertos ao público, são empreendimentos privados
(...) Não se trata de 'via pública', não se constituindo em local
próprio e apropriado ao exercício do direito de liberdade de reunião e
manifestação".
O juiz Alexandre David Malfatti, da 7ª Vara Cível, determina ainda que
sejam comunicados da decisão com urgência, ao comando da Polícia Militar
do Estado e ao Corpo de Bombeiros e determinou pena de multa diária no
valor de R$ 5.000 caso a decisão seja descumprida.
Apesar disso, um grupo de cerca de 400 pessoas se concentraram na
estação Campo Limpo e depois fizeram uma caminhada até o shopping. Com
ele fechado, o grupo ficou na frente do centro comercial, fechando a
estrada de Itapecerica.
Já no shopping Jardim Sul, o grupo percorreu o redor do estabelecimento,
que tem barreiras de seguranças em todas entradas. Chegou a ter um
princípio de tumulto quando um grupo tentou furar o bloqueio, mas as
pessoas foram contidas por outros manifestantes.
Em nota, o MTST já havia afirmado mais cedo que manteria as mobilizações
previstas para os Shoppings Jardim Sul e Campo Limpo. "Não fomos
notificados de qualquer proibição judicial, apesar do que saiu na
imprensa", disse a nota.
"É lamentável, caso se confirme a informação, que o judiciário se preste
ao papel de proibir o direito de ir e vir e livre manifestação
previstos na Constituição Federal. As ações estão mantidas e ocorrerão,
com ou sem autorização judicial", acrescenta o movimento.